Educação Integral
A Educação Integral compreende o desenvolvimento dos/das educandos (as) em todas as suas dimensões – intelectual, física, emocional, espiritual, social e cultural, de forma compatível com os princípios filosóficos esposados neste documento. Constitui-se como projeto coletivo, compartilhado por crianças, adolescentes, jovens, famílias, educadores (as), gestores (as) e comunidades que compõem o território abrangido pela Escola.
A educação ética é um dos aspectos essenciais; a busca permanente pelo desenvolvimento de relações solidárias e afetivas entre os seres, torna o Educandário Humberto de Campos um espaço de convivência, diálogos e co-construções e oportuniza um balanceamento útil entre as diferentes potencialidades individuais. Na prática da educação integral trabalha-se pelo aprimoramento das faculdades diversas para que uma ampare a outra, formando indivíduos sadios e bem integrados, capazes de moverem-se na existência com lucidez, produtividade e reflexão crítica, contribuindo para a transformação social. Associadas à ética estão: a educação cognitiva nas áreas da ciência, da filosofia, da lógica e da variedade de conhecimentos possíveis de serem aplicados nas situações concretas de suas realidades; a educação estética, que remete à descoberta da beleza nas manifestações da natureza e do ser; os cuidados do corpo físico, um templo sagrado; a educação espiritual, pelo cultivo dos sentimentos de conexão com o sagrado e pelo respeito à diversidade das manifestações humanas e as práticas corporais.
Arte Educação
O ensino-aprendizagem na Arte Educação responde ao desafio de construir uma sociedade mais democrática, visa práticas de justiça social e igualdade de direitos culturais fortalecendo e desenvolvendo a sensibilidade, o senso de identidade cultural, a imaginação criativa, a liberdade intelectual, a compreensão crítica e a expressão individual em múltiplas linguagens.
Enquanto componente curricular, centra-se nas linguagens das Artes Visuais, da Dança, da Música e do Teatro, linguagens que articulam saberes referentes a produtos e fenômenos artísticos e envolvem as práticas de criar, ler, produzir, construir, exteriorizar e refletir sobre formas artísticas. A sensibilidade, a intuição, o pensamento, as emoções e as subjetividades se manifestam como formas de expressão no processo de aprendizagem em Arte. Contribui, ainda, para a interação crítica dos/das estudantes com as complexidades do mundo, além de favorecer o respeito às diferenças e o diálogo intercultural, importantes para o exercício da cidadania. Nesse sentido, a prática artística deve possibilitar a troca de saberes entre os/as educandos (as) por meio de exposições, saraus, espetáculos, performances, concertos, recitais, intervenções e outras apresentações e eventos artísticos e culturais, na escola ou em outros locais.
O Brincar e a Ludicidade
Tanto a brincadeira quanto a fantasia são atividades ligadas à arte, à alegria e à paz. Não devem ser reprimidas e nem podem ser retiradas, pois são inerentes ao ser humano e estão presentes em todo o seu processo de desenvolvimento no transcorrer da existência. Pela ludicidade, a criança experimenta circunstâncias e papéis sociais diversos, assimétricos, aprendendo a lidar com a vida, com o outro e consigo mesmo.
O brincar livre ou planejado, as brincadeiras geracionais, tradicionais, espontâneas, a partir de materiais não estruturados ou com uso de brinquedos e dirigidas, serão incentivados nos planejamentos pedagógicos para todas as idades.
Pedagogia de Projetos
A pedagogia de projetos, inspirada nos caminhos pedagógicos voltados para a autonomia intelectual e compromisso social, cujo objetivo é construir experiências de aprendizagem significativas desde o início do processo de escolarização, tem como princípios:
a) Conquistar abertura para os conhecimentos e problemas que vão além do currículo básico de ensino;
b) Construir práticas pedagógicas que potencializem a autonomia e a responsabilidade social tanto nos/nas educandos(as) quanto nos demais agentes da comunidade educadora;
c) Vivenciar a experiência positiva do encontro com o outro na diversidade, aprendendo a mediar os conflitos de forma não violenta, com aporte da solidariedade e da empatia;
d) Desenvolver no/na educando(a) o senso de responsabilidade pelo seu aprendizado, capacitando-o (a) gradualmente a produzir conhecimentos significativos para seu desenvolvimento individual e coletivo;
e) Fortalecer o papel do/da educador(a) enquanto facilitador(a) e problematizador(a) das relações do/da educando(a) com o conhecimento, processo no qual também o/a educador(a) atua enquanto aprendiz;
f) Exercitar a escuta ativa, base para a construção de experiências significativas de aprendizagem com os/as educandos(as), desenvolvendo atitudes investigativas que potencializem a capacidade de aprender com as situações do mundo que os rodeia;
g) Estimular a utilização das tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa e ética para a pesquisa, comunicação e divulgação dos projetos;
h) Valorizar o/a educador(a) enquanto pesquisador(a) reflexivo(a) engajado(a) no seu processo de autoformação e formação coletiva com seu grupo de trabalho.
A pedagogia de projetos, assim entendida, aponta para uma nova maneira de representar o conhecimento, baseada na aprendizagem da interpretação da realidade, orientada para concepção das relações entre a vida dos/das educandos(as), educadores(as), famílias e o conhecimento.
Educação do Campo
A Educação do Campo é um princípio pedagógico que está interligado à cultura, tempos e ritmos dos/das habitantes do campo, em prol de uma sociedade justa que possa ser construída por todos/todas, nas quais os/as educandos(as), educadores(as) e famílias tenham voz e potência de articulação para o desenvolvimento de suas comunidades.
Os saberes são construídos em formas autônomas, familiares e comunitárias, ressaltando a importância das trocas de experiências, a partir dos trabalhos com a agricultura e ofícios que garantam a autossuficiência. Deve-se pensar na adequação do calendário escolar às condições climáticas e ao ciclo agrícola, bem como à contextualização da organização curricular e das metodologias de ensino às características e realidades da vida dos povos do campo.