Princípios Filosóficos

Somos Seres de Múltiplas Possibilidades

Evolução Integral do Ser Humano em Geral e do Educando em Particular

Acreditamos que aprendemos nas relações uns/umas com os/as outros (as), de maneira que a escola é um núcleo de uma rede de aprendizagem para todos/todas, cujos esforços têm como principais destinatários os/as educandos(as). É em torno deles/delas e por eles/elas que se desdobram as múltiplas consequências de interesse geral, seja pela formação continuada dos/das educadores (as) na busca do aperfeiçoamento profissional, seja pela intencionalidade pedagógica na formação de ambiente estimulante, acolhedor e saudável resultante dos bons exemplos da comunidade educadora.  Um espaço onde se privilegia o diálogo e a relação com a vida, onde o olhar para cada um se dá de maneira integral e contextualizada, percebendo que todo ser humano é um ser de múltiplas possibilidades.

Valorização dos Vínculos Familiares e Comunitários

A escola deverá primar pela valorização dos vínculos familiares e comunitários, cabendo-lhe desenvolver estratégias pedagógicas para a inclusão das famílias nos processos decisórios, no compartilhamento de responsabilidades, na sua efetiva integração à comunidade escolar, dispensando-lhes tratamento digno e fraterna atenção, respeitando-lhes os valores e colocando-se como prestadora de serviço ao bem da sua harmonização e promoção social.

Primazia ao Desenvolvimento das Potencialidades do/da Educando(a)

No EHC, a Educação não será considerada em seu aspecto restrito para o aqui e agora: convém sempre que transborde em seus objetivos e em seus métodos, em suas concepções e em suas propostas. O/A educando(a) naturalmente manifesta potencialidades singulares a partir do entrelaçamento das dimensões socioafetiva, cognitivas, biológicas, culturais, históricas e espirituais que constituem o funcionamento humano integral. As situações de ensino-aprendizagem, organizadas responsável e pedagogicamente, deverão promover as manifestações dessas potencialidades e desenvolvê-las.

O Afeto Pedagógico na Formação do Caráter do/da Educando(a)

Ansiosos(as) por aprender e agir, por expandirem-se em energia e afetividade, a criança e o/a adolescente necessitam de vínculo significativo com seus familiares, pares e educadores(as), sendo este o principal desencadeador do engajamento na proposta educacional. Assim, o afeto pedagógico não é invasivo, por isso é não-violento. Jamais fere, humilha; ao contrário, respeita, convida, enternece, conquista. Mas, por outro lado, é enérgico e forte, ativo e corajoso, jamais negligente ou permissivo, a fim de conseguir mobilizar as vontades dormentes e lançá-las rumo às conquistas verdadeiramente renovadoras.

A afetividade esclarecida, fundada no desejo real de evolução da criança e do adolescente e no reconhecimento do estágio de desenvolvimento em que se encontram é a postura basilar que evita a crítica ofensiva, a ajuda humilhante, a orientação depreciativa e o descaso pela omissão.

Cabe à Educação o papel de nortear o/a educando(a) esclarecendo e amparando a construção do seu caráter, para que as escolhas sejam realmente conscientes e libertadoras. A felicidade do/da educando(a) não está  na satisfação de seus caprichos, no mimo às suas tendências negativas, mas na contribuição efetiva para a sua realização integral.

O Respeito e a  Fraternidade na Base das Relações Humanas

Todas as pessoas são semelhantes, detentoras dos mesmos direitos e deveres perante a vida, com idêntica natureza espiritual, biológica e social; mas todos/todas são diferentes pela sua singularidade. Assim, o respeito, a fraternidade e a compreensão devem pautar as relações humanas e será praticado de forma ampla para com todos/todas, independente da função que desempenhem, a fim de compreendermos que a liberdade individual termina onde começa a liberdade do outro.

Uma Educação para a Liberdade

A escola enquanto ambiente formal de educação, buscará auxiliar na integração desses elementos, valorizando-os e dialogando com eles sem, contudo, sonegar aos/às educandos(as) o conhecimento acadêmico que vieram buscar e que os colocará em condições de realizar em sociedade seus sonhos e projetos, a salvo de marginalizações e preconceitos.

No EHC, serão trabalhados e valorizados os vínculos de pertencimento familiar, comunitário e cultural sem restringir os horizontes dos/das educandos(as). Habilitando-os a alçar os voos que desejarem, a Educação é, sem sombra de dúvida, a única chance de mobilidade social de que dispõem a criança e o jovem na sociedade desigual em que vivemos.

A Relação entre  Educador(a) e Educando(a)

As relações entre educador / educadora – aqui entendido também como o/a organizador/a do espaço social educativo – e educando(a) deverão pautar-se no respeito mútuo em clima de fraternidade, observados os princípios naturais da boa educação e da cortesia, evitando-se expressões de vulgaridade tanto no falar quanto no proceder.

Ambos, cada qual em seu papel e a seu modo, têm o compromisso de aprender a ouvir e expressar-se de modo a ser bem compreendido, principalmente em casos de divergência de entendimento.

O/A educador (a) deve ser o/a agente de mobilização da vontade de evolução do/da educando(a); aquele/aquela que, observando-o (a) amorosa e atentamente, descobrirá como atingir o seu âmago para tocar sua essência e deflagrar um processo de autoeducação. Buscará caminhos e linguagens capazes de aproximá-lo/aproximá-la de si, conquistando-lhe a confiança pelo exemplo ético e pela busca e interesse incessante pelo conhecimento. Para isso, deve ele/ela mesmo/mesma estar em intenso processo de autoeducação e na posse de uma afetividade poderosa, que contagie o/a educando (a), deixando-lhe marcas profundas. Deverá ainda possuir, e não meramente aparentar, virtudes fundamentais como justiça, integridade e generosidade, para poder impregnar crianças e adolescentes com o seu exemplo e ser capaz de exercer sobre eles a autoridade moral, que jamais é imposta ou coercitiva, mas reconhecida e respeitada espontaneamente.

A anuência à autoridade constituída deve passar pela adesão consciente e espontânea a ser construída e conquistada; ao/à educador(a) caberá, primeiro, assimilá-la para si mesmo(a) e deste modo legitimar sua capacidade de instruir e educar.

Respeito às Liberdades Democráticas e ao Livre Pensamento

No EHC será vivenciado o respeito às liberdades democráticas e ao livre pensar político de todos os membros da comunidade escolar. Tais temáticas, ao serem abordadas pedagogicamente, guardarão viés suprapartidário e se elevarão ao nível das reflexões de profundidade científica e filosoficamente comparadas, a fim de que os/as educandos(as) possam empoderar-se de conceitos sólidos e amadurecer seus posicionamentos pessoais de forma livre e consciente. Assim sendo, a Unidade de Ensino não se envolverá em nenhum nível nem se fará representar institucionalmente em eventos públicos de caráter político no município ou fora dele; isto sem prejuízo à liberdade de participação individual de educandos(as) e funcionários(as) em seu próprio nome, caso o desejem e o façam por contra própria.

O Cultivo da Espiritualidade

A vivência da Espiritualidade, em suas formas distintas e plenas de subjetividade, não deve ser confundida com as religiões. Trata-se, enquanto característica essencialmente humana, de uma busca do autoconhecimento, do sentido maior para a existência, de uma compreensão da vida para além da materialidade cotidiana, de uma conexão com a dimensão do sagrado. 

Buscar-se-á o seu desenvolvimento através de propostas pedagógicas voltadas para o contemplar, o sentir, o pensar, o refletir, o criar, em harmonia com a natureza circundante e a natureza interior do indivíduo; e a conquista do respeito à diversidade de suas expressões. No que concerne ao ensino religioso, este se orientará pelo estudo comparado das religiões num pleito de respeito à diversidade de povos e culturas, enfocando todas as formas de crer.

O verdadeiro ato pedagógico é um gesto que abre os caminhos do ser humano para conhecer-se e transformar-se. Em última instância, o ato pedagógico é sempre uma oferta, um convite, uma possibilidade que o/a educando(a) tem a liberdade de aceitar ou recusar, desde que esclarecido(a) quanto às opções e consequências decorrentes de suas escolhas, pelas quais responderá.

O maior mal a evitar é a estagnação, a apatia, o adormecimento da vontade.