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No Educandário Humberto de Campos (EHC), situado no seio da Cidade da Fraternidade, a educação não é apenas uma tarefa institucional, mas uma missão ontológica. O Projeto Político Pedagógico (PPP) funciona como o fio condutor que alinha os compromissos éticos, filosóficos e metodológicos da escola em relação aos educandos, suas famílias e a comunidade. É por meio desse documento que se sustenta a coerência das ações pedagógicas e se assegura a fidelidade a uma visão profunda da educação como experiência emancipadora.
Na sua essência, o EHC se estrutura como uma Comunidade Educadora — conceito que ultrapassa os muros escolares para abarcar todos os aspectos da convivência social, cultural e afetiva. Assim, as celebrações, os projetos, os rituais coletivos e as campanhas educativas não são acessórios, mas dispositivos vivos de participação e reflexão. São expressões pedagógicas que visam o crescimento individual e coletivo numa atmosfera de partilha, empatia e responsabilidade.
Filosofia Viva: A Alma do Cotidiano Escolar
Os aspectos filosóficos e os valores fundamentais do EHC não habitam unicamente os documentos oficiais: eles são corporificados no dia a dia escolar. São, de fato, o solo sobre o qual se edifica o fazer educativo e o conviver comunitário. Nesse cenário, valores escolhidos por educadores e educandos — Respeito, Responsabilidade, Honestidade, Afetividade, Solidariedade, Sustentabilidade e Empatia — se transformam em práticas concretas, moldando a tessitura relacional da escola.
No cerne dessa filosofia está o Objetivo Síntese que orienta toda a proposta: a Evolução Integral do Ser Humano em Geral e do Educando em Particular. Aqui, aprende-se nas relações, nos vínculos, no pertencimento e na escuta. A escola é compreendida como um nó de redes de aprendizagem, onde o conhecimento é menos um produto a ser transmitido e mais uma vivência a ser compartilhada.
Princípios Filosóficos do EHC
1. Valorização dos Vínculos Familiares e Comunitários
A educação não ocorre em isolamento. No EHC, a escola se reconhece como extensão da comunidade, e vice-versa. Desenvolvem-se estratégias pedagógicas que garantem a inclusão das famílias nos processos decisórios e no cotidiano escolar. A escola se coloca como um serviço a favor da harmonia social e da dignidade comunitária, respeitando os valores familiares e promovendo sua integração efetiva.
2. Primazia ao Desenvolvimento das Potencialidades do Educando
A educação, aqui, transcende o imediato. Não se limita ao tempo presente nem ao espaço da sala de aula. O educando é percebido como ser plural, cujo desenvolvimento resulta da interação entre dimensões socioafetivas, cognitivas, biológicas, culturais, históricas e espirituais. O desafio é criar situações de aprendizagem que não apenas revelem, mas também ampliem essas potencialidades.
3. O Afeto Pedagógico na Formação do Caráter
A afetividade é considerada um princípio filosófico e ético. Mais do que um ambiente emocionalmente seguro, o EHC cultiva um afeto pedagógico estruturante: não-invasivo, não-violento, porém firme e transformador. O educador, ao envolver o educando com ternura e responsabilidade, não apenas transmite saberes, mas mobiliza vontades e desperta consciências.
4. O Respeito e a Fraternidade como Fundamentos das Relações Humanas
No EHC, cada ser é visto como semelhante em essência, embora único em expressão. A convivência escolar é regida pelo respeito mútuo, pela fraternidade universal e pela compreensão das liberdades — sempre dentro dos limites éticos que reconhecem o outro como sujeito de direitos.
5. Uma Educação para a Liberdade
Inspirada nas ideias de Paulo Freire e de outras correntes humanistas, a proposta educativa do EHC tem como meta libertar e não domesticar. Ao integrar o conhecimento acadêmico com os vínculos culturais e comunitários, a escola não limita os horizontes dos educandos, mas os prepara para voar com autonomia numa sociedade marcada por desigualdades.
6. A Relação entre Educador e Educando
O educador no EHC é, antes de tudo, um pesquisador de almas. Ele observa, escuta, compreende e orienta. Sua autoridade não é imposta, mas reconhecida pelo exemplo, pela afetividade genuína e pela coerência ética. Ele deve estar em constante autoformação, pois só quem se educa pode educar o outro.
7. Respeito às Liberdades Democráticas e ao Livre Pensamento
A escola assume o compromisso de ser um espaço onde o pensamento crítico é estimulado com base em fundamentos científicos e filosóficos, num ambiente de neutralidade institucional e liberdade individual. A democracia, aqui, é vivida no cotidiano — no diálogo, nos acordos coletivos, na escuta ativa e na mediação de conflitos.
8. O Cultivo da Espiritualidade
A espiritualidade é compreendida como uma dimensão inalienável do humano. Diferente da religiosidade dogmática, ela se manifesta como busca por sentido, transcendência e conexão com o sagrado. O EHC propõe atividades de contemplação, introspecção, contato com a natureza e respeito à diversidade espiritual como formas de cultivar essa dimensão vital.
Educar é Oferecer Caminhos, Não Impor Trilhas
No EHC, o ato pedagógico é sempre uma oferta — nunca uma imposição. Ele convida o educando ao autoconhecimento e à transformação, oferecendo-lhe liberdade para aceitar ou recusar, desde que consciente de suas escolhas e consequências. O maior desafio a ser combatido não é o erro, mas sim a estagnação, a apatia e o adormecimento da vontade.