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👩🏫 Queridos leitores do blog do Educandário Humberto de Campos,
Sabemos que a sala de aula é muito mais do que um espaço físico — é um ambiente vivo de trocas, aprendizados e afetos. Nesse cenário dinâmico, a inclusão de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) traz à tona a importância de práticas educativas que sejam fundamentadas em evidências científicas, mas também sensíveis às singularidades de cada criança.
📚 Em tempos em que muitos alunos retornam de longos períodos afastados da rotina escolar, é comum que alguns manifestem maior sensibilidade a estímulos, ruídos ou apresentem dificuldades para se engajar nas atividades cotidianas. Isso pode se refletir em comportamentos desafiadores como gritos, recusa em entrar na sala, agressividade, entre outros.
🔎 Nesse contexto, o conhecimento é uma bússola essencial. O educador e pesquisador Lucelmo Lacerda, doutor em Educação e especialista em inclusão escolar de pessoas com autismo, apresenta orientações práticas e profundamente eficazes para que professores e educadores possam acolher, compreender e transformar esses desafios em oportunidades pedagógicas.
🎥 Este conteúdo é inspirado no vídeo disponível no canal Luna ABA, no YouTube. Você pode assisti-lo clicando neste link: Transformando a sala de aula – Lucelmo Lacerda
🚫 Um erro comum: chamar os pais
Quando surge um comportamento agressivo, a primeira tentação pode ser ligar para os responsáveis e pedir que busquem a criança. Embora pareça uma solução imediata, isso pode reforçar a ideia de que agir de forma inadequada é uma forma eficaz de escapar de situações desconfortáveis. No longo prazo, essa prática pode aumentar e até generalizar os comportamentos indesejados para outros ambientes.
✅ Estratégias para transformar a prática
Lucelmo Lacerda compartilha cinco diretrizes fundamentais que podem melhorar não apenas a convivência na sala de aula, mas a qualidade da inclusão de forma profunda e contínua.
🗂️ 1. Aposte na Rotina Visual
🔸 O que é: Trata-se de uma sequência de imagens ou símbolos que representam as atividades do dia, organizadas de maneira clara e previsível.
🔸 Como usar: Disponibilize para o aluno a rotina visual, permitindo que ele mova as imagens conforme as atividades são realizadas (por exemplo: de “Vou fazer” para “Já fiz”).
🔸 Por que funciona: Reduz significativamente a ansiedade e a agressividade, mesmo em tarefas novas. A previsibilidade gera segurança emocional.
🔸 Para quem serve: Tanto para crianças não verbais quanto para aquelas que falam fluentemente.
🔸 Dica prática: É simples e acessível! Dá para montar com materiais como papel plastificado e velcro.
🎯 2. Redefina os objetivos iniciais
🔸 O foco inicial: Não comece com conteúdos curriculares complexos. Antes de ensinar matemática ou ciências, ensine o aluno a estar na sala de aula.
🔸 Como fazer: Use atividades que a criança já domina completamente — as chamadas “atividades tranquilas”. Isso ajuda a desenvolver a habilidade de permanecer e participar sem gerar frustração.
🔸 Por que isso importa: Se a tarefa for difícil demais, o aluno pode se desengajar ou apresentar comportamentos-problema. O objetivo é fortalecer a permanência na atividade e a convivência escolar.
🤝 3. Ofereça opções de escolha
🔸 A estratégia: Em vez de impor uma única tarefa, ofereça duas ou três atividades com o mesmo objetivo pedagógico. Exemplo: “Você prefere fazer este desenho, este quebra-cabeça ou montar com blocos?”
🔸 Por que é eficaz: O simples ato de escolher aumenta o engajamento e diminui os comportamentos desafiadores. Mesmo que todas as atividades sejam feitas, o sentimento de autonomia faz diferença.
🔸 Observação: Exige um pouco mais de planejamento, mas os resultados valem o esforço!
⏳ 4. Faça pausas com reforçadores positivos
🔸 Como aplicar: Divida as tarefas em partes menores e, após cada uma, ofereça um intervalo ou uma recompensa (reforçador).
🔸 Exemplo prático: Use fichas ou “pontos” que a criança acumula para depois escolher uma atividade prazerosa como desenhar, brincar ou assistir a um vídeo curto.
🔸 Vantagem: O processo se torna mais leve e motivador. Com o tempo, é possível aumentar as exigências de forma gradual, conforme o aluno se desenvolve.
🔸 Flexibilidade: Pequenos reforçadores, como sair um pouquinho mais cedo para o recreio, também funcionam muito bem!
🧘♀️ E quando a crise já começou?
Essa é a última, mas não menos importante dica!
🔸 Sinais de alerta: Antes da explosão, o aluno costuma dar sinais: parar de interagir, se agitar, falar alto, mostrar resistência. Isso é o que chamamos de fase de aceleração.
🔸 O que fazer: Redirecione o aluno com uma tarefa simples, como buscar algo ou responder uma pergunta fácil. Isso impede que ele associe o comportamento inadequado com “escapar” da atividade.
🔸 Em caso de crise instalada: A prioridade é sempre a segurança. O ideal é que a equipe esteja preparada com formações específicas para lidar com esses momentos, evitando medidas que reforcem comportamentos inadequados (como retirar o aluno da escola a pedido dos pais).
💡 Conclusão: transformar com afeto, ciência e persistência
Aplicar essas orientações exige dedicação, observação atenta e um olhar cuidadoso para o desenvolvimento individual de cada criança. Mas os frutos são grandiosos: mais inclusão, mais respeito às diferenças e uma sala de aula verdadeiramente democrática.
🌱 Para quem quiser se aprofundar, o canal Luna ABA no YouTube reúne um riquíssimo acervo de conteúdos sobre autismo e educação especial.
✨ Que possamos continuar semeando um ambiente escolar mais justo, acolhedor e transformador para todas as crianças!