Construção de uma Avaliação de Viés Formativo: A Experiência do Educandário Humberto de Campos

Em nosso texto do blog do EHC de hoje, apresentamos, a seguir, uma síntese do artigo “Construção de uma avaliação de viés formativo: a experiência do Educandário Humberto de Campos em análise” de Beatriz Vasconcelos e Luana Almeida, publicado no periódico Horizontes em 2024, que detalha uma experiência coletiva ocorrida há cerca de seis anos em nossa escola em relação à construção de uma forma de avaliação alinhada à perspectiva formativa. Foi realizada uma análise documental do projeto político-pedagógico, relatórios de aprendizagem, atas do conselho de classe, registros de progresso dos estudantes e autoavaliações que destacou três movimentos principais: círculos pedagógicos e autoavaliação, tutoria e espaços dialogados na avaliação, e conselhos de classe coletivos.

Introdução

O artigo discutiu a necessidade de uma educação humanizadora que se comprometa com processos de avaliação formativa, enfatizando que esta deve ser uma ação coletiva envolvendo toda a escola, e não apenas uma responsabilidade individual dos professores em sala de aula. A avaliação formativa, segundo as autoras, vai além da simples medição de resultados; ela deve promover movimentos de reflexão que alimentem a formação integral dos alunos. Esta abordagem requer um compromisso menor com a mera quantificação de resultados e um foco maior na retroalimentação dos processos educativos, o que implica em ações concretas e tomadas de decisão baseadas nas avaliações.

Metodologia

A pesquisa foi conduzida aqui em nosso Educandário Humberto de Campos (EHC), escola localizada em Goiás, através de uma abordagem descritivo-qualitativa, utilizando tanto fontes bibliográficas quanto documentos fornecidos pela instituição, analisados a partir de acesso ao Google Drive da escola. A investigação se baseou na análise de diversos tipos de documentos, como o Projeto Político-Pedagógico (PPP), relatórios de aprendizagem, atas de reuniões do conselho de classe e registros de acompanhamento do progresso dos alunos. Além disso, foram utilizadas autoavaliações realizadas pelo coletivo educador. Essa metodologia permitiu uma compreensão profunda dos caminhos percorridos pela escola e das formas de avaliação estabelecidas.

Estrutura da Avaliação Formativa

A experiência do EHC explicitou a adoção de três principais instrumentos de documentação e avaliação:

  1. Círculos Pedagógicos e Autoavaliação: Encontros regulares para compartilhamento de experiências e planejamento, promovendo a formação contínua dos educadores e fortalecendo a colaboração e solidariedade entre eles. Os círculos pedagógicos ocorriam duas vezes por semana, permitindo que os educadores se organizassem em grupos de estudo e planejamento por fases de ensino. Essa estrutura promoveu um ambiente cooperativo e fomentou valores como solidariedade e respeito, em oposição à competitividade.
  2. Tutoria e Espaços Dialogados: Cada aluno tinha um tutor responsável pelo acompanhamento próximo e personalizado do seu processo de aprendizagem. A tutoria incluia a autoavaliação dos alunos e a leitura compartilhada dos relatórios de aprendizagem. Este dispositivo pedagógico foi fundamental para garantir que cada aluno recebesse atenção individualizada, promovendo seu desenvolvimento integral. A tutoria também envolveu o desenvolvimento de projetos de turma e a realização de avaliações coletivas semanais.
  3. Conselhos de Classe Coletivos: Reuniões bimestrais envolvendo professores, gestores e estudantes representantes para avaliar o progresso dos alunos e planejar ações de melhoria, promovendo a participação ativa de todos os envolvidos no processo educacional. Estes conselhos foram momentos importantes para levantar os pontos fortes e os desafios de cada turma, estabelecendo planos de ação individualizados para os alunos que necessitam de maior apoio.

Contexto e Desenvolvimento

O EHC, localizado na Cidade da Fraternidade, Alto Paraíso de Goiás, surgiu de um movimento para oferecer educação formal às crianças da região. Após a parceria com o Instituto de Pesquisa, Ensino e Extensão em Arte, Educação e Tecnologias Sustentáveis (IPEARTES), a escola passou por uma significativa transformação pedagógica. Esse processo foi marcado por intensas mudanças e adaptações, incluindo a ampliação do horário de funcionamento para um regime integral e o fortalecimento da cogestão com o IPEARTES. O objetivo principal dessas mudanças foi promover uma educação de qualidade alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, especialmente no que se refere à equidade e sustentabilidade.

Impactos da Avaliação Formativa

A avaliação no EHC foi além da medição de resultados acadêmicos, abrangendo também aspectos emocionais e comportamentais dos alunos. Esse enfoque foi essencial para a formação integral dos estudantes, promovendo um ambiente de aprendizagem mais inclusivo e participativo. A escola adotou um sistema de portfólios onde os alunos registraram diariamente suas experiências e aprendizagens, permitindo um acompanhamento contínuo de seu desenvolvimento. Esta prática fomentou a autoavaliação e a reflexão, tanto por parte dos alunos quanto dos educadores, criando um ciclo virtuoso de melhoria contínua.

Conclusão

Essa experiência mostrou que a avaliação formativa, quando implementada de forma coletiva e dialogada, pode transformar a cultura escolar, promovendo uma educação mais humanizadora e comprometida com o desenvolvimento integral dos alunos. A documentação e análise contínuas foram fundamentais para garantir a efetividade desse processo, evidenciando que a avaliação formativa foi um instrumento poderoso para a melhoria da qualidade da educação. Este caso exemplifica como a adoção de estratégias colaborativas e reflexivas pode potencializar a aprendizagem e a formação dos estudantes, preparando-os para serem agentes de mudança em suas comunidades e além.

Para uma leitura detalhada e aprofundada do artigo original, acesse o link: DOI: https://doi.org/10.24933/horizontes.v42i1.1745.