Agrupamentos do Ensino Fundamental I e Níveis de Autonomia

Aqui no Blog do EHC, há algum tempo, focalizamos sobre o que significa a Autonomia no PPP do EHC (link para a página do blog) e como ela vem sendo trabalhada em alguns casos, atrelada ao desenvolvimento de Roteiros de Aprendizagem (link para a página do blog) por estudantes do Ensino Fundamental II e Ensino Médio, respectivamente, com as educadoras Kirley e Alessandra.

A descrição dos agrupamentos

Os educandos continuam em suas respectivas séries, em termos formais e, ao fim desse post-artigo, descreveremos a forma pela qual há a eventual reclassificação de um educando, do ponto de vista convencional serial em diálogo com a forma de trabalho do reagrupamento.
Mas, independentemente de suas seriações, no grupo de Iniciação estão todos estudantes no início de seu processo de alfabetização e letramento, em geral crianças do primeiro e segundo ano.
No desenvolvimento, temos o grupo das crianças que, já alfabetizadas, estão com seu letramento em processo, ou seja, estão ampliando seus vocabulários com palavras mais complexas. Além disso, já realizam leitura e produção de textos um pouco maiores e caminham de forma mais intensiva na interpretação textual. Em geral, temos crianças do terceiro e quarto anos nesse grupo. Mas há algumas poucas crianças do segundo e do quinto também no grupo do desenvolvimento.
Já no aprofundamento, temos mais educandos do quinto ano, em um agrupamento em que o processo de letramento se encontra mais aprofundado. Temos, no entanto, nesse grupo também algumas crianças do terceiro e quarto anos, com, inclusive, algumas do segundo ano em um processo de letramento um pouco mais avançado, mas ainda com maturidade insuficiente para trabalharem sozinhas nesse sentido. Ou seja, para elas é como se fosse um início de aprofundamento.

As transições inter-agrupamentos

Não há períodos pré-estabelecidos para ocorrerem, para um determinado educando, transições entre os agrupamentos ao longo do ano. Em 2023, por exemplo, tivemos crianças que avançaram para outro agrupamento após as professoras perceberem essa possibilidade.
Outra possibilidade é o entendimento de que um educando precisa ficar mais tempo em um determinado agrupamento anterior enquanto outros colegas seus estão aptos a avançarem e permanecerem no grupo.
Quando uma criança nova entra no Ensino Fundamental I do EHC, ela vai para o agrupamento que, em tese, refletiria uma determinada seriação padrão (1º e 2º anos – Iniciação; 3º e 4º anos – Desenvolvimento; 5º ano – Aprofundamento). As professoras de cada agrupamento avaliam durante algum tempo breve e os estudantes que devem ir para um agrupamento anterior ou posterior são encaminhados nesse sentido, gerando uma alta flexibilidade no processo visando, sempre, o máximo desenvolvimento do educando.

O nível de autonomia (ou o fator comportamental e o exercício dos valores do EHC) no Ensino Fundamental I

Adicionalmente, dentro desse processo, há também a análise do fator comportamental de cada educando, ou seja, cada educadora do Ensino Fundamental I também trabalha com os três níveis de autonomia (iniciação, desenvolvimento e aprofundamento) no que concerne aos comportamentos acordados para aquele grupo. Assim, as crianças podem ir caminhando em seus níveis de autonomia dentro de um determinado agrupamento, na medida em que vão aprendendo a incorporar mais em seus comportamentos os valores da escola.
No Ensino Fundamental I do EHC, ainda que o educando esteja no aprofundamento no sentido comportamental, eles não estudam sozinhos em locais determinados ou escolhem determinados temas de estudo, sendo que há uma adaptação das atividades pensadas para ele dentro de cada agrupamento, diferentemente do que está sendo proposto no Ensino Fundamental II (link para a página do blog de Roteiros de Aprendizagem)
Em cada agrupamento, não há uma forma homogênea de atuação, que é construída com cada grupo de estudantes. Por exemplo, por vezes na turma do Aprofundamento, quando um educando faz rapidamente suas atividades programadas, ele pode ter a oportunidade de fazer outra atividade dentro do próprio agrupamento, acordada com a educadora.

O diálogo entre o entendimento dessa forma de trabalho e a convencional serial

As reclassificações de educandos só podem ocorrer dentro de cada fase, no caso apenas dentro do Ensino Fundamental I. Ou seja, um educando pode ser reclassificado até o quinto ano no máximo. Quando o mesmo terminar o quinto ano (no agrupamento do Aprofundamento) ele ingressará no Ensino Fundamental II, no sexto ano.
No caso de estudantes que ainda deveriam permanecer no Ensino Fundamental I, porque seus processos de alfabetização e letramento estão muito aquém, e que são encaminhados ao Ensino Fundamental II pela obrigatoriedade do sistema de ensino vigente, são utilizadas as seguintes estratégias: a oferta, no horário de aula, de atividades de reforço em alguns momentos da semana, de acordo com o número de parceiros que têm o EHC disponíveis para tanto, que tem potencializado o desenvolvimento desses educandos, com bons resultados nesse sentido. Ademais, em suas próprias turmas, é ofertado um trabalho diferenciado com esses educandos por sua professora tutora.

Contextualizando essa forma de trabalho historicamente

Em nosso próximo post do blog, descreveremos como foi o processo histórico de constituição dessa forma de trabalho no EHC. Não perca!

Esportes no EHC e o Princípio da Educação Integral

Alicerçados em um antigo trabalho do professor Alex, de Educação Física, os esportes no EHC têm tomado, lenta e consistentemente, um caráter de um potente auxílio na regulação das emoções e de outros saberes de nossos educandos.

Dedicamos essa newsletter para destrinchar e partilhar um pouco desse trabalho, baseado em reflexões de Alex que foram partilhadas com a equipe de comunicação, via aplicativo de mensagens.

Para isso, vamos iniciar essa partilha contando um pouco de como essa atividade permite desvelar um processo de análise do comportamento dos educandos nos Jogos Interclasses, a fim de que se possa intervir positivamente em sua regulação.

Jogos Interclasses

Assim, Alex entende que, para os educandos, os Jogos Interclasses se configuram automaticamente como um lazer e que é importante clarificar qual é o papel pedagógico dessa atividade no âmbito escolar, o que está em curso no EHC. Assim, sua proposta é que os Jogos sejam incorporados, de maneira equiparada a qualquer outro momento na escola, ao processo pedagógico.

Com isso, se pretende evitar que os Jogos Interclasses sejam uma atividade de final de ciclo pedagógico – quando todas as outras atividades já terminaram – como se fossem apenas momentos de lazer, após o esforço anterior do estudo. Ou como uma moeda de troca no sentido de, se os educandos forem bem ao longo do semestre, receberem os Jogos como uma espécie de prêmio.

O caráter pedagógico do esporte

Nesse sentido, na semana dos Jogos Interclasses do EHC, Alex entende que é preciso sempre termos um tema principal (nesse semestre o tema foi o ‘Fair Play’ – ou seja, o fomento de um espírito leal e colaborativo no exercício esportivo) e clarificar qual é o objetivo do evento, primeiramente junto a toda equipe de professores, e, em um segundo momento, aos educandos, fornecendo a eles o máximo de informações.

É importante se ter claro nesse processo o trabalho com os valores do Educandário, pois Alex sublinha que, no exercício do esporte, se revela o caráter do educando do EHC, em meio a determinada cultura do esporte que está sendo executado.

A partir disso, o professor Alex se propõe a perceber o que os educandos extraem dessa vivência e isso se torna objeto de reflexões e intervenções pedagógicas posteriores.

Então, os Jogos Interclasses, com esse caráter aqui apresentado, entra no fluxo pedagógico do EHC, assim como já ocorre com os Jogos Estudantis.

Práticas Corporais dentro do Princípio de Educação Integral no PPP do EHC

“A Educação Integral compreende o desenvolvimento dos educandos em todas as suas dimensões – intelectual, física, emocional, espiritual, social e cultural, de forma compatível com os princípios filosóficos esposados neste documento. Constitui-se como projeto coletivo, compartilhado por crianças, adolescentes, jovens, famílias, educadores, gestores e comunidades que compõem o território abrangido pela Escola (…)
A educação ética é um dos aspectos essenciais; a busca permanente pelo desenvolvimento de relações solidárias e afetivas entre os seres, torna o Educandário Humberto de Campos um espaço de convivência, diálogos e co-construções e oportuniza um balanceamento útil entre as diferentes potencialidades individuais. Na prática da educação integral trabalha-se pelo aprimoramento das faculdades diversas para que uma ampare a outra, formando indivíduos sadios e bem integrados, capazes de moverem-se na existência com lucidez, produtividade e reflexão crítica, contribuindo para a transformação social. Associadas à ética estão: a educação cognitiva nas áreas da ciência, da filosofia, da lógica e da variedade de conhecimentos possíveis de serem aplicados nas situações concretas de suas realidades; a educação estética, que remete à descoberta da beleza nas manifestações da natureza e do ser; os cuidados do corpo físico, um templo sagrado; a educação espiritual, pelo cultivo dos sentimentos de conexão com o sagrado e pelo respeito à diversidade das manifestações humanas e as práticas corporais.”

Conclusão

O exercício das práticas corporais no EHC, no âmbito esportivo trabalhado pelo professor Alex, tem alçado uma perspectiva que dialoga com o princípio da Educação Integral porque busca ter um olhar profundo e amplo para os educandos em meios às atividades esportivas propostas, encarnando o PPP do EHC dentro desse contexto.