Projeto Intercâmbio Educador Transformador – Parte 1

No final de 2018 e início de 2019, foi organizada uma proposta formativa (que poderíamos chamar de reeducativa também) pela diretora e coordenadora do Conselho Gestor do EHC à época, Alessandra Possebon, em parceria com outros educadores apoiadores da escola, resultando no Projeto Intercâmbio Educador Transformador, que enviou os educadores do Educandário para vivenciarem escolas transformadoras em diferentes regiões do território nacional, ao longo de uma semana, buscando que, no retorno, agregassem valor ao nosso Projeto e práxis pedagógica.

Um dos educadores e fraternistas apoiadores era Antônio Sagrado Lovato (Toninho para nós), que à época trabalhava na Ashoka e tinha contato com diversos diretores de escolas transformadoras, além de manter contato com uma ampla rede de possíveis apoiadores. Após a apresentação e anuência desse projeto à mantenedora do EHC, foi iniciado o processo complexo de garantir a viagem de Intercâmbio de cada educador em duplas ou trios, mantendo o funcionamento da escola. E o projeto transcorreu até sua plena finalização, inclusive tornando-se uma publicação literária que abordaremos mais além.

Ainda nesse grupo organizacional, estavam a educadora Amanda Allende, companheira de Toninho; Edson Filho, físico-educador do EHC à época; Adriana Riquena, coordenadora pedagógica naquele momento, que também mobilizaram suas redes de contato, juntamente com Alessandra Possebon, para viabilizarem as passagens e a logística de transporte entre o Educandário e as escolas, contando também com o apoio logístico do carro da Cidade da Fraternidade – ofertado pela OSCAL, mantenedora do EHC – para levarmos e trazermos os educadores do aeroporto em Brasília – DF.

Enfim, aprofundaremos um pouco mais nessa história nos próximos posts aqui do Blog e, para começar, partilhamos também um documento histórico com o início da Proposta que foi enviado a apoiadores:

ANEXO 3: Carta do Toninho a possível apoiadores

Olá Queridos,

Como estão?

Escrevo a vocês para contar sobre um projeto que estamos avançando no EHC e que terá uma fase muito importante neste semestre. Como devem saber, o Educandário vem a algum tempo passando por um forte e sólido processo de renovação pedagógica, fruto da construção e trabalho dos gestores, educadores, Oscal e parceiros (especialmente Ipê artes e Seduce-GO) ao longo dos últimos anos. Neste contexto, estamos nos últimos meses preparando a realização de uma etapa fortalecedora deste processo, um intercâmbio de uma semana para cada um dos 25 educadores atuando na escola neste ano letivo. A proposta é que cada um deles, em duplas ou trios, possam visitar uma de nove escolas com projetos pedagógicos reconhecidamente inovadores e consolidados em diversas cidades do Brasil.

Após este período de aprendizado pedagógico e cultural, realizaremos junto ao Ipê artes um seminário de três dias no final do mês de junho/19 no próprio EHC, com a finalidade de exposição de aprendizados, oficinas de técnicas e conceitos pedagógicos e consolidação do processo. Neste seminário, convidaremos educadores de escolas públicas, comunitárias e particulares da região, a fim de compartilhar o conhecimento aprendido. Todo este processo será documentado e terá seus materiais compartilhados com educadores e apoiadores.

Envio para vocês um documento que compartilhamos com os educadores, ele traz mais detalhes, a carta de compromisso para participação e também um breve resumo das escolas a serem visitadas, uma delas ainda em processo de confirmação. 

O processo conta com a gestão da escola e da secretaria da Oscal, bem como com o apoio da mesma para viabilizar a hospedagem dos educadores a partir da rede do Mofra. Nosso convite para vocês é para virem conosco e apoiarem o projeto, estamos buscando principalmente neste momento a viabilização das passagens aéreas para o deslocamento dos educadores.

O que acham? Topam? Sugerem mais pessoas com quem possamos conversar e convidar? Escrevi também para o Celso, Marquinhos e Lucila.

Em cópia Lelê que está representando a gestão da escola neste ano letivo.

Explicação do Projeto de Intercâmbio de Docentes do Educandário Humberto de Campos

O Educandário Humberto de Campos (EHC) foi criado em 1966 no meio rural de Alto Paraíso de Goiás – GO, desde 1977 foi autorizado a funcionar da 1ª a 8ª série e, em 2007, teve autorização para ofertar o Ensino Médio. Em 2016, foi reconhecida como uma escola com perfil inovador pela Secretaria de Educação de Goiás em meio a um projeto para a implementação dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em nosso município.

Nossos valores são responsabilidade, respeito, honestidade, solidariedade, empatia e afetividade em busca de seres mais autônomos e responsáveis. Estamos acompanhando as transformações de nossa sociedade no século XXI em busca de formar indivíduos para em uma perspectiva integral, com uma formação acadêmica de excelência (para mais informações nesse sentido, vejam nosso PPP e Plano de Transição em anexo).

Essa iniciativa que convidamos você a dar suporte – o projeto de intercâmbio – faz parte faz parte do permanente processo formativo dos educadores do EHC, visando a melhoria de suas capacidades técnicas e a execução e melhoria constante de nosso projeto educativo.

Junto a parceiros (Escolas participantes a confirmar cujo perfil está em anexo), levaremos nossos educadores para um intercâmbio de uma semana em escolas transformadoras com grande êxito na formação acadêmica e integral de seus estudantes.

Após essas visitas, realizaremos um Seminário de Partilha de Experiências do Projeto de Intercâmbio em que serão potencializadas as experiências vivenciadas entre os educadores do EHC, escolas inovadoras de nossa região (a APA do Pouso Alto) e demais escolas, fortalecendo a criação de uma rede de apoio regional nesse processo de transformação e dando continuidade a esse processo após o EHC ter sediado há poucos dias a Conferência Nacional de Alternativas para Nova Educação (CONANE) – Regional Chapada, com esse mesmo público.

Os detalhes desse processo formativo e compromissos dos educadores você encontrará na carta em anexo.

Contamos com seu suporte para seguirmos avante!

Gratos!

Equipe de Gestão do Educandário e parceiros”

Até a próxima semana!

Parcerias e Princípios Pedagógicos

Os fraternistas e os Grupos de Fraternidade Espírita sempre foram os principais parceiros, em um sentido amplo, do EHC. Quando pensamos que muitos deles, estão vinculados à OSCAL, entendemos que são, muitas vezes, parceiros essenciais da Mantenedora do EHC. Dentro do ciclo do Movimento da Fraternidade-Cidade da Fraternidade, há eventos como a Comemofra, as Caravanas e a Semana da Fraternidade, os quais, cada um a seu modo, contribuem em diversas facetas do trabalho, passando por apoios na infraestrutura e na alimentação, entre outros. Toda essa movimentação contribui, invariavelmente, na contrução de um clima harmônico no dia a dia do EHC. E essas parcerias vêm de longa data e ainda têm um imenso potencial a ser convertido em energia cinética coletiva.

Do ponto de vista mais exato do que seria uma parceria entre instituições, essencialmente temos dois parceiros com várias contribuições que especificaremos em outras postagens, começando sua caminhada conosco, entre 2016 e 2017, no bojo da assunção da escola buscar uma transição institucionalizada para uma educação plenamente transformadora, algo que é um grande processo:

– o IPEARTES/Ciranda da Arte/SEDUC-GO, mais ligado ao nosso princípio da arte-educação que “responde ao desafio de construir uma sociedade mais democrática, visa práticas de justiça social e igualdade de direitos culturais fortalecendo e desenvolvendo a sensibilidade, o senso de identidade cultural, a imaginação criativa, a liberdade intelectual, a compreensão crítica e a expressão individual em múltiplas linguagens (…) ” (PPP EHC, p. 11 e 12) e;

– o Instituto Ser Integral que nos apoia em formações em educação matemática e letramento, de forma a dialogar com o princípio do Brincar e da Ludicidade em que “tanto a brincadeira quanto a fantasia são atividades ligadas à arte, à alegria e à paz. Não devem ser reprimidas e nem podem ser retiradas, pois são inerentes ao ser humano e estão presentes em todo o seu processo de desenvolvimento no transcorrer da existência. Pela ludicidade, a criança experimenta circunstâncias e papéis sociais diversos, assimétricos, aprendendo a lidar com a vida, com o outro e consigo mesmo. O brincar livre ou planejado, as brincadeiras geracionais, tradicionais, espontâneas, a partir de materiais não estruturados ou com uso de brinquedos e dirigidas, serão incentivados nos planejamentos pedagógicos para todas as idades.” (PPP EHC, p.12).

Há também parcerias pontuais, no aspecto agroecológico, com instituições como a Embrapa, a Rede Pouso Alto de Agroecologia, entre outras, o que nos remete ao trabalho do EHC e seu princípio de Educação do Campo “que está interligado à cultura, tempos e ritmos dos habitantes do campo, em prol de uma sociedade justa que possa ser construída por todos, nas quais os educandos, educadores e famílias tenham voz e potência de articulação para o desenvolvimento de suas comunidades. Os saberes são construídos em formas autônomas, familiares e comunitárias, ressaltando a importância das trocas de experiências, a partir dos trabalhos com a agricultura e ofícios que garantam a autossuficiência. Deve-se pensar na adequação do calendário escolar às condições climáticas e ao ciclo agrícola, bem como à contextualização da organização curricular e das metodologias de ensino às características e realidades da vida dos povos do campo.” (PPP EHC, p.13)

Em Posts futuros exploraremos mais aspectos das Parcerias do EHC. Aguardem.

Aprofundando sobre o Reforço Comportamental e Cognitivo no EHC

Nesse post, explicitamos um pouco do trabalho minucioso que vem sendo feito nessas atividades de reforço junto aos educandos do EHC, a partir da partilha de parte do planejamento dessas atividades, a seguir:

Em Setembro, foi trabalhado o tema Meio Ambiente e cada aluno foi estimulado a desenvolver habilidades específicas, fortalecendo sua consciência fonológica e sua capacidade de relacionar os sons da fala com as letras correspondentes. As atividades propostas tinham como objetivo principal promover o reconhecimento e a diferenciação dos sons, bem como manipulá-los para formar novas palavras.

Os alunos foram convidados a explorar diferentes materiais, como textos, jogos e imagens utilizados no decorrer das aulas tais como: quebra-cabeças e jogos da memória relacionados ao tema e atividades de associação sonora. Por meio dessas práticas, foram capazes de identificar e diferenciar os sons da fala, compreendendo como eles se relacionam com as letras do alfabeto.

Além disso, foram oferecidas oportunidades para que os alunos manipulassem e combinassem os sons das palavras, identificando sílabas e formando novas palavras. Isso permitiu uma compreensão mais profunda da estrutura das palavras, contribuindo para o aprimoramento de suas habilidades de leitura e escrita.

A seguir, partilhamos os assuntos de Meio Ambiente trabalhados durante o mês:

Semana 1: Ecossistemas e Biodiversidade

O conceito de ecossistema e a identificação de seus diferentes tipos, assim como o reconhecimento da importância da biodiversidade na manutenção dos ecossistemas.

Semana 2: Conservação e Ameaças Ambientais

As ameaças ao meio ambiente, como poluição e desmatamento e o incentivo à reflexão sobre as consequências dessas ameaças para os ecossistemas e a vida humana.

Semana 3: Reciclagem e Sustentabilidade

A compreensão da importância da reciclagem, da redução de resíduos e a exploração de ideias criativas para promoção da sustentabilidade e o cuidado com o meio ambiente.

Semana 4: Ação e Participação

A identificação de ações individuais e coletivas para a preservação do meio ambiente e o estímulo à participação ativa dos alunos em projetos de conscientização e ação ambiental.

Casa de Adobe remetendo aos primeiros Barracões comunitários

A construção dessa casa de adobe ao lado do Memorial Cifrater como um pequeno espaço remetendo, mas não tendo a pretensão de ser uma cópia, ao primeiro barracão construído aqui em nossa região, em 1964 – contendo doze metros quadrados de área (nove metros inicialmente), justifica-se na medida em que será uma espécie de monumento de comemoração pelos 60 anos de nossa comunidade, mas vai além, fortalecendo o processo de recepção dos turistas de base comunitária que temos recebido e que está dentro de um escopo ainda mais amplo.

A proposta é que seja um espaço muito bem cuidado, com um aspecto lúdico, cuidadoso e envolvente no sentido de remeter sensivelmente nosso visitante ao início de nossa história aqui na região. Inclusive, para muitos visitantes será um primeiro contato com uma construção de adobe, técnica de arquitetura vernacular, em que se utiliza materiais construtivos existentes na própria região, de acordo com a cultura local de certa época. Nesse sentido, pretendemos fazer até um pequeno painel explicando o modo pelo qual foi realizada a construção e a origem dessa técnica conectando com a proposta do Memorial. Também, serão instalados um fogão à lenha com caráter decorativo e uma pequena mesa compondo o espaço.

Nele será instalada uma estante com o banco de sementes da comunidade, sendo mais um atrativo turístico e dando à Casinha um caráter funcional, porque uma construção vernacular de adobe tem um incrível conforto térmico, o que é adequado para um banco de sementes. Ainda sobre esse aspecto,temos tido retornos demonstrando muito interesse de fraternistas (na Caravana Cativar) e turistas da Vivalá a respeito dessa atividade, corroborando com o potencial turístico de nossa comunidade.

Ademais, no que concerne ao fortalecimento do turismo de base comunitária em nossa região – tema sendo desenvolvido pelo EHC na atual versão da Olimpíada de Humanidades – a construção é importante, porque pretendemos acolher no Memorial Cifrater o futuro curso de guias totalmente realizado aqui no território, porque já estamos mapeando, por meio desse projeto, todos os pontos turísticos da região.

Isso se conecta com uma ponte de resgate e de honrar nosso passado e de escrever novas páginas de nossa história por meio de um Memorial Cifrater vivo, em que possam ser desenvolvidas diversas atividades naquele espaço (após a construção dos banheiros e da copa) incluindo fraternistas que venham a se hospedar na comunidade fora do período de Caravanas ou mesmo dentro das mesmas, propiciando o fortalecimento dessa conexão passado-presente-futuro, na medida em que isso certamente gerará muitos estímulos ao trabalho por parte desse público.

Por fim, ainda do ponto de vista comunitário e talvez colaborando na manutenção da própria obra, entendemos que a construção será um monumento icônico para outros possíveis turistas espíritas que desejamos receber – como um polo de turismo espírita nacional – em diálogo com a Astronomia (Cursos de Astronomia e Espiritismo), a Medicina (buscar sediar eventos da Associação de Médicos Espíritas), a Música (Festivais Lítero-Musicais para o público espírita), etc…