Por uma Cultura de Paz: Compreendendo os Espelhamentos e Fortalecendo os Vínculos no Educandário Humberto de Campos

No dia a dia do nosso Educandário Humberto de Campos (EHC), percebemos que as experiências vividas pelas nossas crianças foram do ambiente escolar têm um impacto profundo no seu desenvolvimento e comportamento, refletindo-se também dentro dele. Muitas vezes, comportamentos desafiadores, como o bullying, podem ter as suas raízes em vivências complexas, como as de violência doméstica, mesmo que de forma indireta.

Pequenos gestos, palavras soltas, modos de reagir às situações da vida: tudo isso compõe o repertório emocional e relacional que os nossos estudantes trazem consigo para a escola. É a partir deste conjunto de vivências — que se dá no seio familiar, no convívio social e na própria comunidade — que os comportamentos se formam, as emoções se organizam e as relações se estabelecem.

Nesse sentido, compreendemos que o nosso EHC não é um lugar isolado, mas parte de um sistema maior. A infância é um espelho delicado daquilo que se vive e se observa. Quando uma criança chega agitada, nervosa ou, por vezes, excessivamente quieta e retraída, é sinal de que algo dentro dela está a pedir escuta. Frequentemente, as suas atitudes não nascem do nada — são construídas a partir das relações que acontecem nos ambientes que mais frequentam e com as pessoas com quem mais convivem, sobretudo com a família.

Reconhecendo esta realidade e o impacto que as vivências menos saudáveis podem ter no comportamento dos nossos alunos, nomeadamente no surgimento de casos de bullying, o Educandário Humberto de Campos implementou o “Mês de Combate ao Bullying e a Violência na Escola.”. Esta é uma escolha pedagógica que visa coibir comportamentos negativos e cultivar valores de convivência, empatia e cuidado mútuo. Reconhecemos que muitos comportamentos de bullying podem ser um reflexo de um ambiente familiar e na comunidade, onde a violência, em suas diversas formas, infelizmente existe.

Entre as ações desenvolvidas neste mês, destacamos a produção de painéis de atitudes positivas, criados com a participação ativa dos nossos educadores e alunos. Nestes painéis, são apresentados valores essenciais para o bem-estar coletivo, como o respeito, a solidariedade, a gentileza, a afetividade e a escuta ativa. Para reforçar o compromisso individual com estes valores, cada estudante é convidado a escolher uma dessas atitudes e a deixar a marca da palma da mão como um sinal simbólico do seu desejo de ser um agente de paz no seu dia a dia.

Ao longo deste mês, iremos reforçar nossa abordagem psicopedagógica que já temos na escola, desde 2024, promovendo ainda mais momentos de reflexão e de abertura ao diálogo com os pais e responsáveis sobre estas temáticas. O objetivo é fortalecer a rede de cuidado que une a escola, a família e a comunidade, estimulando a todos com estratégias para oferecer às crianças experiências cada vez mais saudáveis em todos os espaços da sua vida.

Estas ações partem do princípio de que a educação não se faz apenas com conteúdos formais, mas, sobretudo, com vínculos em meio à vida. O fortalecimento destes vínculos começa com a escuta, com a atenção ao cotidiano e com a consciência de que cada atitude adulta é também uma forma de ensinar — seja ela intencional ou não. Acreditamos na importância da presença atenta, do exemplo silencioso, da escuta sensível e da consistência emocional.

Apelamos a todos os pais e responsáveis e à toda comunidade para que reflitam sobre a importância de um ambiente familiar seguro e acolhedor e de uma comunidade cada vez mais engajada nesse sentido também. As nossas crianças aprendem através do que vivenciam em casa e na comunidade, e a construção de uma cultura de paz na escola começa com a promoção de relações saudáveis e respeitosas no seio familiar e comunitário. Estejamos atentos aos nossos gestos e palavras, pois eles são modelos poderosos para os nossos filhos.

Em função de tudo isso, chamamos todos para exercitar essa Pedagogia da Presença, em que pais, mães e responsáveis e a comunidade, como um todo, estão atentos para o que falamos e o que fazemos na presença das crianças. Por fim, também estejamos certos de que existem leis que resguardam as crianças desses direitos, sobretudo segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Quais são os Recursos Físicos, Financeiros e Didáticos do EHC?


A Infraestrutura do Cuidar e Educar: Os Recursos que Sustentam o Educandário Humberto de Campos

Em tempos em que a educação pública e gratuita enfrenta desafios múltiplos, o Educandário Humberto de Campos (EHC), inserido na Cidade da Fraternidade e vinculado à Organização Social Cristã Espírita André Luiz (OSCAL), destaca-se como exemplo vivo de compromisso coletivo com a formação integral do ser humano. Para entendermos melhor como esse compromisso se concretiza, é necessário olhar com atenção para os recursos que sustentam seu funcionamento: os físicos, os financeiros e os didáticos.


🏫 Recursos Físicos: Estrutura a Serviço da Comunidade Educadora

O EHC está localizado no campo do município de Alto Paraíso de Goiás, a aproximadamente 230 km de Brasília, e conta com uma infraestrutura que revela a sensibilidade com que foi pensado o processo educativo.

De acordo com o Projeto Político-Pedagógico (PPP) da instituição, sua estrutura inclui:

  • Prédio Principal com 13 salas de aula, sala multiuso, biblioteca, centro de tecnologia, coordenação pedagógica, secretaria, sala de estudos, pátio e quadra coberta.
  • Casa da Criança, com salas específicas para a Educação Infantil, brinquedoteca e banheiros adaptados.
  • Coletiva, destinado a eventos culturais e atividades de integração, com cozinha, padaria, copa e palco.
  • Áreas externas com horta, jardins, playground e áreas de convivência.

Essa estrutura viabiliza o ensino e convida à vivência plena da proposta pedagógica da “Educação Integral” – um conceito que compreende o desenvolvimento intelectual, emocional, físico, espiritual e comunitário do educando.


💰 Recursos Financeiros: A Sustentabilidade pela Solidariedade

No exercício de 2024, o Educandário contou com um financiamento multifonte, o que reforça seu caráter comunitário e colaborativo:

  • Doações Vinculadas para o EHC, incluindo iniciativas como “Adote Educação de uma Criança” e “Projeto Educar“.
  • Convênios institucionais com a Prefeitura de Alto Paraíso e, de forma mais indireta e ainda em negociação formal, com o Estado de Goiás, que utiliza parte da estrutura para ensino como extensão da Escola Estadual Dr. Gerson.
  • Investimentos autônomos e comunitários, sob a organização da OSCAL, como a implantação do sistema de energia solar, viabilizada por doações específicas, e reformas estruturais no prédio escolar.

Esse modelo financeiro apresenta um esforço conjunto, fundado na ética da corresponsabilidade: a manutenção da escola é um ato coletivo, onde cada contribuição revela a força do pertencimento e da fé no projeto educativo.


📚 Recursos Didáticos: Educação que Une Técnica e Sentimento

A riqueza didática do EHC não se limita a equipamentos – embora conte com computadores, impressoras, datashows, acervo bibliográfico e materiais pedagógicos diversos. O diferencial está em como esses recursos são integrados a uma proposta transformadora de ensino: com uma pedagogia centrada no afeto, na espiritualidade de modo não confessional, no respeito às individualidades e na valorização dos saberes comunitários. Como enfatiza o PPP, “o verdadeiro ato pedagógico é sempre uma oferta, um convite, uma possibilidade que o educando tem a liberdade de aceitar ou recusar”.


✨ Conclusão: A Pedagogia do Cuidado como Alicerce

O Educandário Humberto de Campos nos ensina que recursos físicos, financeiros e didáticos, para além de ferramentas operacionais, são, antes de tudo, expressões materiais de um ideal educativo que une uma infraestrutura física acolhedora, um financiamento ético e partilhado e recursos pedagógicos conectados à realidade do campo, de modo que o EHC busca desenhar um modelo educacional que transcenda, em alguma medida, o ensino tradicional e se firme como um estimulador da criação de um território do Bem Viver.

Que possamos, sempre, repensar nossas práticas e crenças sobre o que sustenta uma escola: mais que paredes ou livros, são os valores encarnados na vivência diária que fazem florescer a verdadeira educação.

Solicitaram-me uma Avaliação Psicológica, e agora?

Receber um pedido da escola para avaliar o desenvolvimento do filho pode ser um momento desafiador para qualquer família. O primeiro impulso de muitos pais é a resistência: “Será que estão enxergando algo que eu não vejo?”, “Estão exagerando?”, “Meu filho será rotulado?”. Essas preocupações são compreensíveis e, muitas vezes, carregam um sentimento de autoproteção.

No entanto, o vídeo “Encaminhamento Escolar – Quando a Escola Solicita Avaliação”, da expositora Milena Loguercio, convida à reflexão: e se essa solicitação for, na verdade, um gesto de cuidado e não de julgamento? Aceitar esse processo pode ser o primeiro passo para garantir que a criança receba o suporte necessário para desenvolver todo o seu potencial.

Aceitação: O Primeiro Passo para o Desenvolvimento

A resistência inicial dos pais diante de um encaminhamento escolar tem uma raiz emocional profunda. Como Milena compartilha em seu relato pessoal, qualquer situação que envolva um possível desafio para os filhos toca diretamente na sensibilidade dos pais. Ela compara esse sentimento ao momento em que recebeu indicações médicas para pequenas cirurgias em seus filhos. Mesmo sabendo que era necessário, o desconforto era inevitável.

O mesmo ocorre quando a escola sugere uma avaliação com um profissional da saúde, seja um fonoaudiólogo, psicólogo ou neurologista. No entanto, negar ou adiar essa análise pode significar postergar a descoberta de ferramentas que ajudarão a criança a superar dificuldades e explorar suas potencialidades. Como a autora enfatiza:

“Quando você abre o seu coração e faz de fato uma avaliação assertiva, você entende melhor o que o seu filho tem e sabe quais são as melhores armas para usar nessa luta.”

A Escola Como Parceira no Processo Educacional

Um dos maiores receios dos pais é que a avaliação escolar leve a um rótulo ou a um diagnóstico que limite a criança. No entanto, Milena esclarece que a intenção da escola não é “classificar” o aluno, mas compreender suas necessidades específicas para apoiá-lo da melhor maneira possível.

Muitas vezes, a solicitação de uma avaliação surge porque os métodos tradicionais de ensino não estão alcançando plenamente aquela criança. Sem um olhar mais aprofundado, corre-se o risco de continuar aplicando estratégias inadequadas, o que pode prejudicar o aprendizado e a autoestima do aluno. Como a autora ressalta:

“Ninguém vai usar ferramentas diferenciadas no processo de educação se não tiver ninguém dizendo: essa criança precisa de um tratamento diferenciado.”

Ao enxergar a escola como uma aliada e não como uma instituição que aponta falhas, os pais podem estabelecer um diálogo mais construtivo, focado no que realmente importa: o desenvolvimento integral da criança.

Cada Criança Tem um Potencial Único

Outro ponto central abordado no vídeo é a importância de olhar para cada criança como um indivíduo único. Muitas vezes, os pais subestimam até onde seu filho pode chegar simplesmente porque ele não se encaixa em um modelo tradicional de aprendizado. A avaliação não é uma sentença, mas um meio de abrir novas portas e possibilidades.

“A gente nunca sabe o verdadeiro potencial de uma criança e até onde ela pode chegar.”

Negar a necessidade de uma avaliação pode levar a um ensino padronizado, que não considera as particularidades de cada aluno. O tempo é um fator crucial: quanto mais cedo as dificuldades forem identificadas, mais rápido será possível intervir e oferecer um suporte adequado.

Mudar a Perspectiva é Fundamental

A mensagem deixada por Milena Loguercio é clara: abrir-se para a possibilidade de uma avaliação é um ato de amor e cuidado. Quando os pais superam a resistência inicial e confiam no processo, proporcionam ao filho uma chance maior de desenvolver suas habilidades da melhor maneira possível.

A escola não é um tribunal que julga, mas um espaço de parceria e acolhimento. Ao invés de ver um encaminhamento como uma crítica, é preciso enxergá-lo como um convite ao crescimento e à busca de soluções que beneficiem a criança.

📌 Assista ao vídeo completo de Milena Loguercio: https://www.youtube.com/watch?v=omp_8DMs94M

P.S: Convidamos a todos que desejarem a procurar nossa psicopedagoga Nicoli que está à disposição para maiores esclarecimentos.

A Intersecção entre OSCAL, CIFRATER e EHC: Uma Tríade para a Educação Integral e a Fraternidade

A Organização Social Cristã Espírita André Luiz (OSCAL), a Cidade da Fraternidade (CIFRATER) e o Educandário Humberto de Campos (EHC) formam uma tríade, cujos pilares se sustentam na promoção da educação integral, da vivência cristã espírita, de modo não confessional, mas com um caráter inter religioso e da construção de uma sociedade regenerada. Essa conexão não é apenas estrutural, mas filosófica e prática, refletindo um projeto coletivo que ultrapassa décadas e se renova com a iminente Transição Planetária mencionada no Planejamento Estratégico 2025-2030.

A OSCAL, fundada em 1956, é a entidade mantenedora que articula os valores do Movimento da Fraternidade, inspirado na Doutrina Espírita e no Evangelho de Jesus. Seu estatuto social a define como uma organização voltada para a “edificação de um mundo melhor”, priorizando a educação como ferramenta de libertação do ser. Essa missão se materializa na CIFRATER, obra social da OSCAL, e no EHC, como sua principal expressão educacional até o momento.

No Planejamento Estratégico 2025-2030, a OSCAL reforça seu papel de “laboratório de vivência cristã”, buscando equilibrar ações espirituais e infraestruturais. Isso inclui a necessidade de autossuficiência financeira, gestão colegiada e integração com parceiros como o INCRA e a Prefeitura de Alto Paraíso – elementos que sustentam tanto a CIFRATER quanto o EHC.

A Cidade da Fraternidade, localizada na Chapada dos Veadeiros (GO), é, para além de um espaço físico, também um projeto de convivência harmônica com a natureza e de irradiação de valores cristãos-espíritas. Seu Regimento Interno detalha uma estrutura comunitária baseada em três categorias de moradores (comunitários, colaboradores funcionais e assistidos), todos comprometidos com princípios como solidariedade, simplicidade e respeito à diversidade espiritual.

A CIFRATER abriga o EHC, escola filantrópica que atende crianças, jovens e adultos de assentamentos rurais e essa proximidade geográfica e social reforça o vínculo entre a comunidade e a escola, transformando o EHC em um “polo de transformação social”, conforme destacado no Projeto Político Pedagógico (PPP) da instituição.

O Educandário Humberto de Campos, criado em 1966, é a materialização pedagógica da filosofia da OSCAL e da CIFRATER. Seu PPP enfatiza a formação integral do ser, integrando dimensões cognitivas, emocionais, espirituais e sociais. A escola em sua última versão do PPP, de 2020, adota princípios como a Pedagogia de ProjetosEducação do Campo e Comunidade Educadora, alinhando-se à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), mas com singularidades locais.

O EHC não se limita ao ensino formal: é um espaço de “vivência da fraternidade”, onde alunos, famílias e educadores participam de mutirões, círculos de diálogo e projetos comunitários. Essa abordagem reflete a visão da CIFRATER como um ambiente espiritualizante e a missão da OSCAL de promover a “evolução do ser”.

OSCAL, CIFRATER e EHC são notas de uma mesma sinfonia, onde educação, espiritualidade e comunidade se harmonizam. Em 2026, quando o EHC completará 60 anos, essa intersecção ganhará ainda mais relevância. O Planejamento Estratégico não apenas prepara o terreno para as comemorações, mas reafirma o compromisso de formar seres humanos “fraternos, felizes e sintonizados com a regeneração planetária”.

Nos próximos artigos, exploraremos mais aspectos do PPP do EHC, interpolando-o quando necessário com os documentos aqui citados nesse artigo, revelando a força dessa tríade na construção de um novo paradigma educacional e social.