Olimpíada de Humanidades

Desde 2017, o Instituto de Pesquisa, Ensino e Extensão em Arte-Educação e Sustentabilidade, da SEDUC-GO, promove a Olimpíada de Humanidade em todas as escolas de Ensino Médio dos seis municípios da Área de Proteção Ambiental (APA) do Pouso Alto.

Na primeira edição da Olimpíada, com o tema “Desafios e responsabilidades para um planeta em transição”, iniciou-se uma reflexão humanística dos estudantes sobre um pensar global, regional e local acerca de valores humanos, levando em conta o contexto atual dos crescentes desafios econômicos, sociais e ambientais na APA-Pouso Alto. Naquele ano, o tema da Olimpíada de Humanidade foi o mesmo da Conferência Mundial de Humanidades onde um estudante de cada equipe pôde participar da Conferência em agosto na cidade de Liège, na Bélgica, representando a sua escola e o projeto desenvolvido. Nesse ano, o EHC dedicou-se ao resgate do processo histórico da escola a fim de descobrir o papel que a instituição ocupa, ocupou e ocupará no território da Chapada dos Veadeiros/APA Pouso Alto. Envolveu processos de levantamentos de dados em documentos históricos e trabalho de campo com personagens que ajudaram a construir a história da unidade escolar. A materialização do processo de pesquisa resultou na elaboração de uma peça teatral e na montagem de uma fotonovela, dividida em três atos e dozes fotografias.

Em 2018, com o tema “Água, Terra, Fogo, Ar e Amor” Interseccionando os elementos para proteger a APA do Pouso Alto, buscou-se trabalhar com as comunidades a partir dos questionamentos de o que nós somos se não aquilo que nos compõe? Quais os elementos e sentimentos que dão sentido e significado às nossas existências no Planeta Terra? Podemos falar de sujeito humano e sua cultura sem pensarmos naquilo que nos mantém vivos física, social, espiritual e emocionalmente? Quais seriam, dentro desse esboço especulativo, os elementos básicos para a promoção das nossas existências, resistências e persistências nesse planeta, continente, estado, território, município? No EHC, foram estudadas e resgatadas as histórias e os personagens de nossa região que têm estados envolvidos com as tradições da Festa do Espírito Santo e com a tradição das Cavalgadas. Foi realizado um curta-metragem, uma Cavalgada e um pouso na Coletiva do EHC com um almoço envolvendo toda a comunidade.

Documentário produzido por educandos do EHC: https://www.youtube.com/watch?v=xqbA4NQ0FFo&list=PLA5ynh2j5I7ZYKlSER_dU_87mMROoi1-L&index=9

A terceira edição da Olimpíada, englobando os anos de 2019 e 2020, teve como tema a Bioeconomia: diversidade e riqueza para o desenvolvimento sustentável, mesmo tema da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia de 2019. Antes deste termo ser cunhado, ou de ser um tema de pesquisa, reconhecemos que ele já era praticado pelas comunidades tradicionais. Em termos de catástrofes ambientais, de insegurança alimentar, de crises humanitárias, pensar em bioeconomia pode ser um caminho para prosseguirmos com mais equidade e bem viver. No EHC, em 2019, foram feitos levantamentos, estudos e entrevistas com produtores de nosso território buscando compreender o universo bioeconômico local e, em parceria com a Embrapa, Rede Pouso Alto de Agroecologia, Prefeitura Municipal e dos produtores locais, foi organizada como culminância do projeto uma grande feira local ao lado do EHC.

Em 2021, na quarta edição, o tema foi “Semeando o Bem Viver: diversidade, equidade e justiça social” – escolhido em conjunto com as professoras das escolas participantes a partir de uma atividade sobre os assuntos que os/as educadores/as consideravam importantes de serem cuidados no ambiente escolar – agregando ainda o termo latino-americano Bem Viver, o qual expressa a ideia de podermos conduzir a vida de maneira mais plena, harmônica, respeitando a diversidade e questionando o desenvolvimento capitalista e exploratório como único projeto de futuro da humanidade. No EHC, o projeto refletiu sobre a questão das possibilidades profissionais dos nossos jovens aqui em nossa região, perpassando a questão do êxodo para grandes centros e a necessidade de se criarem incentivos para que os jovens possam realizar seus sonhos de pequenos empreendimentos localmente. Assistam o vídeo dessa culminância: https://www.youtube.com/watch?v=2lTF7QSGqTA&t=391s.

A reflexão que permeou a V Olimpíada de Humanidades, em 2022, “Da cerradania às goianidades: o viver-Cerrado” foi a da análise de que o Cerrado goiano é um território de vida singular. Seja por representar um recorte de um tipo de Cerrado, enquanto bioma, seja por reconhecer que no nordeste goiano desenvolveram-se culturas tradicionais (quilombolas, raizeiros/as, benzedeiros/as, veredeiros/as, indígenas, etc…) em que o Cerrado é um espaço de produção de sentido e saberes e não apenas um meio ambiente. Ao reconhecer as culturas cerradeiras e goianas como uma teia de significados que une natureza e cultura. Compreendemos que essa relação foi tecida na construção ancestral de saberes, reproduzidas cotidianamente e mantidas necessariamente com o cerrado em pé. O que torna estas culturas um lugar de desenvolvimento sustentável e consequentemente de resistência as ações exploradoras das últimas porções de cerrado nativo do mundo e nos fazem refletir se faz sentido as ideias de “progresso” numa perspectiva capitalista, de pensamento “mono” e de dominação, antagônicos aos territórios de Bem Viver. No EHC, foi realizado um projeto que visou resgatar as delícias culinárias das guardiãs da nossa região, passando por questões ambientais e conscientização. Além desse resgate, , também foram rememoradas uma parte da vida delas e da ancestralidade envolvida no ato de cozinhar, pontuando-se, durante a culminância, a insegurança alimentar que o Brasil atravessava. Foi realizado nesse processo um livro de receitas dessas guardiãs escrito à mão, contendo as ilustrações feitas em aquarela.

Enfim, a partir dessas temáticas amplas, sempre se inicia o ciclo da Olimpíada com um processo de sensibilização em relação ao tema, que este ano versará sobre “O Esperançar da Juventude na Chapada dos Veadeiros”. Então cada escola desenvolve um projeto a partir dele, dialogando com as realidades e necessidades locais, contando com o trabalho dos educadores de cada escola e o apoio de profissionais do IPEARTES. Assim, cada escola prepara uma culminância e, por fim, apresenta seus resultados anualmente em um Festival de Humanidades. O IPEARTES promove ainda tradicionalmente uma viagem para os estudantes, expandindo seus universos culturais como parte da finalização do ciclo da Olimpíada. E há também a oferta por parte da Olimpíada de uma visita guiada ao Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros com todos os participantes da Olimpíada como na foto a seguir, com algumas educandas do EHC:

Em 2023, teremos mais um desses ciclos fantásticos que vem colaborando muito com o processo educativo dos educandos do Ensino Médio da APA do Pouso Alto, incluindo os estudantes do nosso EHC. Qual será nosso enfoque em 2023? Acompanhe aqui nosso blog e redes sociais para descobrir , em breve, a resposta a essa pergunta e conhecer mais sobre esse universo!