Publicamos e partilhamos aqui alguns trechos do do projeto do EHC que está sendo executado no contexto da sexta edição da Olimpíada de Humanidades – 2023, promovida pelo IPEARTES/SEDUC, com o tema geral “O Esperançar da Juventude da Chapada dos Veadeiros: em defesa da Terra e dos Direitos Humanos”.
1. Introdução
A partir do tema da VI edição da Olimpíada de Humanidades: “O Esperançar da Juventude da Chapada dos Veadeiros – em defesa da Terra e dos Direitos Humanos”, o Educandário Humberto de Campos deseja desenvolver o mapeamento turístico do Assentamento Sílvio Rodrigues e região, incentivando o turismo de base comunitária nessa região e inserindo a região nos roteiros turísticos da Chapada dos Veadeiros.
Estamos localizados em uma Área de Proteção Ambiental (APA Pouso Alto), que apesar de ser uma área prioritária para conservação é extremamente ameaçada pelo avanço do agronegócio, o que dificulta de diferentes maneiras a geração de renda através da agricultura familiar.
Segundo a Carta da Terra (1994):
Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental, redução dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos equitativamente e o fosso entre ricos e pobres está aumentando.
O turismo no município de Alto Paraíso de Goiás tem importância fundamental gerando empregos diretos e sazonais (SALGADO, 2014). No entanto, essa riqueza não tem sido acessada pelos moradores da área rural. Queremos responder à pergunta: É possível nos organizarmos, enquanto comunidade, para recebermos turistas seguindo os preceitos do turismo de base comunitária?
O turismo de base comunitária (TBC) é um tipo de turismo que prioriza o uso dos recursos naturais, soiciais e econômicos de forma sustentável e inclusiva e é reconhecido pelo Ministério do Turismo como sendo “ […] capaz de gerar oportunidades de trabalho e renda e de contribuir para a redução das desigualdades regionais e sociais” (BARTHOLO, 2007).
Nossa hipótese é que temos capacidade organizacional e potencial turístico para fomentarmos o turismo na região e que o mapeamento é um primeiro passo para que este potencial seja fomentado.
Um dos intuitos com o mapeamento dos potenciais turísticos é a geração de renda para os produtos da região – incluindo serviços de hospedagem, guia pelos atrativos turísticos naturais, artesanato, manifestações culturais, gastronomia e saberes do campo – contribuindo para o crescimento da comunidade e visibilidade do território através do turismo de base comunitária.
Este tipo de turismo propõe a união da comunidade para preservar a cultura e os atrativos culturais de uma região. Durante uma visita, os turistas poderão, por exemplo participar de oficina de tijolos de adobe, saborear a comida regional, visitar a Catarata dos Couros, conhecer a história da comunidade Cidade da Fraternidade e participar de uma vivência astronômica.
Com o projeto iremos contribuir com a região mapeando os pontos turísticos, promovendo a cultura e divulgando as riquezas locais. A proposta é aumentar a conscientização sobre as oportunidades de turismo e as atrações disponíveis na região, incentivando as pessoas a explorarem a diversidade cultural, histórica e natural da região, e também a apoiar as atividades econômicas relacionadas ao turismo.
Para alcançar esses objetivos, o projeto envolverá o desenvolvimento de um mapa artístico, mapa impresso e mapa online (aplicativo e site), incluindo dicas de viagem e recomendações de atrações turísticas, bem como o uso de mídias sociais (instagram) para divulgar a região para potenciais viajantes.
O projeto também poderá implementar com apoio de parceiros programas de treinamento para trabalhadores do setor de turismo local, a fim de melhorar a qualidade dos serviços prestados aos visitantes.
O projeto buscará potencializar o perfil da região, aumentar o número de turistas que visitam e, portanto, impulsionar o desenvolvimento econômico e a sustentabilidade do turismo de base comunitária.
No Brasil existem muitos bons exemplos de atividades de turismo sustentável ou de base comunitária como o Projeto Amazonas Sustentável (2021), o Projeto Mares da Ilha Grande (2009) e a Fundação Casa Grande (1992).
Trata-se de um proposta que valoriza e amplia o trabalho realizado pelos nossos colegas em 2019 com o projeto desenvolvido na Olimpíada de Humanidades que organizou a Feira Saberes e Sabores da Roça, valorizando a riqueza local e promovendo troca de saberes e comercialização de produtos.
2. Objetivos
2.1 Objetivo geral:
Mapear os potenciais turistícos do Assentamento Sílvio Rodrigues e região através do estudo e reconhecimento do turismo de base comunitária.
2.2 Objetivos específicos:
– Proporcionar mais conhecimento para os estudantes e para a comunidade com o reconhecimento das riquezas locais;
– Ampliar o cuidado com o meio ambiente através de práticas sustentáveis de turismo;
– Melhorar a sinalização dos atrativos turísticos;
– Fortalecimento da feira Saberes e Sabores da Roça.
3. Justificativa
Um local com turismo traz benefícios para todos com a geração de renda a partir da venda de produtos, da oferta de hospedagem e vivências, a valorização da cultura e o cuidado ambiental. Os benefícios são também para os turistas que terão a oportunidade de conhecer riquezas culturais próprias da área rural e os atrativos naturais da região.
Uma das bases do Turismo de Base Comunitária é que a comunidade seja guardiã do lugar, evitando turismo predatório, priorizando o respeito ao território, à riqueza cultural e a preservação do meio ambiente.
Devido à falta de oportunidades de trabalho na área rural muitos jovens deixam a comunidade e muitas famílias tem cedido suas terras para o agronegócio, o Turismo de Base Comunitária é uma forma de desenvolvimento profissional e geração de renda.
A Carta da Terra (1994) aponta a importância de fortalecer comunidades locais, habilitando as pessoas a cuidarem de seus próprios ambientes, assim como honrar a apoiar os jovens a cumprirem seu papel na criação de sociedades sustentáveis.
Desde 2021 a agência de turismo sustentável Vivalá realiza a expedição Chapada dos Veadeiros que tem em seu roteiros oficina de agrofloresta no Assentamento Sílvio Rodrigues, visita guiada à Cidade da Fraternidade e Educandário Humberto de Campos, hospedagem/refeições e atividade cultural na Cidade da Fraternidade. Esta experiência levou alguns comunitários a perceberem o grande potencial turístico que possuímos na região
Alguns moradores da região já oferecem hospedagem no site Airbnb, refeições, produzem alimentos e artesanatos que vendem nas feiras de Alto Paraíso e recentemente a Feira Saberes e Sabores da Roça foi retomada.
Desejamos com este projeto ampliar ainda mais esse potencial de turismo valorizando as riqueza naturais, o fato de estarmos em uma área de preservação ambiental em um região de assentamentos rurais e da comunidade Cidade da Fraternidade que é uma das primeiras comunidades de Alto Paraíso de Goiás.