Processo histórico de constituição dos Agrupamentos no Fundamental I

De 2019 a 2021

Em 2019, ao finalizar aquele ano letivo, a gestão à época percebeu, quando Beatriz Nogueira ainda era coordenadora pedagógica do Ensino Fundamental I, que havia, entre os estudantes daquele ciclo, uma desigualdade de construções no processo educativo dentro de cada série.
Então, a ideia de agrupamentos de iniciação, desenvolvimento e aprofundamento foi concebida e a proposta era que essa ideia vigorasse, uma vez na semana, no ano seguinte àquele momento.

Quando do retorno das atividades do EHC, já no início do ano letivo de 2020, foi feita a organização mais esmiuçada de como e quando isso iria ocorrer, incluindo a forma pela qual as crianças seriam distribuídas em cada grupo (que à época seriam 5 subdivisões, dentro dos três agrupamentos: iniciação, desenvolvimento e aprofundamento) por nível de aprendizagem.

No entanto, eis que houve uma pandemia no meio dessa caminhada e a proposta ficou estacionada durante o regime de educação não presencial. Não haveria a possibilidade de fazer essa proposta funcionar sem a possibilidade de um acompanhamento mais presente dos educadores e a partir de uma conversa com os familiares nesse sentido.

De 2022 a 2023

Quando o EHC retorna plenamente ao regime presencial, no início do ano de 2022, as turmas do Ensino Fundamental I retornaram seriadas, mas havia a vontade e necessidade de reorganizar os estudantes nesse sentido.

Ao longo daquele primeiro semestre, foi feito um processo de entendimento da equipe, incluindo o âmbito emocional, no retorno à convivência presencial, pois foi um processo de retorno algo traumático depois de praticamente dois anos à distância.

Na metade daquele ano de 2022, uma das educadoras precisou se desligar da equipe e não foi possível, dentro das possibilidade de convênio do EHC, substituí-la. Uma forma de reorganização possível seria dividir-se as turmas, redistribuindo educandos entre as educadoras.

Mas, diante desse impasse, a gestão do EHC preferiu não seguir esse caminho e se perguntou: que tal fazermos uma reorganização de grupos que levasse, de uma maneira mais precisa, em conta o desenvolvimento cognitivo dos educandos do Ensino Fundamental I retomando essa concepção de 2019 em termos de Iniciação, Desenvolvimento e Aprofundamento?

No início do segundo semestre de 2022, a proposta foi escrita pela gestão com as professoras do Ensino Fundamental I e educadores do Instituto Ser Integral que muito contribuíram nesse sentido como a educadora Nina. Então foi conversado com as famílias dos estudantes que se mostraram um pouco preocupadas, mas confiantes na equipe e na forma como o trabalho foi pensado, sobretudo porque o foco era melhorar mais a qualidade do ensino e da aprendizagem e não só lidar com o problema em si daquele momento.

Então o processo foi implementado e aprimorado em alguns pontos, de forma que ao final de 2022, durante uma avaliação dessa forma de trabalho, foi percebido o quão poderoso foi esse processo de reorganização, no sentido de que estudantes que não estavam conseguindo avançar até meados da metade daquele ano, finalizaram 2022 muito melhores.

Então essa forma de trabalho foi entendida como algo importante de se continuar. Foi feito, durante esse processo avaliativo, ainda mais alguns pequenos ajustes e, desde o início de 2023, o Ensino Fundamental I do EHC funciona da forma como descrevemos em nossa última postagem aqui no Blog. Assim que for possível, entende-se que se pode subdividir ainda um pouco mais esses agrupamentos por nível de aprendizagem de forma que as educadoras possam dar ainda mais atenção a cada estudante potencializando-o ainda mais.

Agrupamentos do Ensino Fundamental I e Níveis de Autonomia

Aqui no Blog do EHC, há algum tempo, focalizamos sobre o que significa a Autonomia no PPP do EHC (link para a página do blog) e como ela vem sendo trabalhada em alguns casos, atrelada ao desenvolvimento de Roteiros de Aprendizagem (link para a página do blog) por estudantes do Ensino Fundamental II e Ensino Médio, respectivamente, com as educadoras Kirley e Alessandra.

A descrição dos agrupamentos

Os educandos continuam em suas respectivas séries, em termos formais e, ao fim desse post-artigo, descreveremos a forma pela qual há a eventual reclassificação de um educando, do ponto de vista convencional serial em diálogo com a forma de trabalho do reagrupamento.
Mas, independentemente de suas seriações, no grupo de Iniciação estão todos estudantes no início de seu processo de alfabetização e letramento, em geral crianças do primeiro e segundo ano.
No desenvolvimento, temos o grupo das crianças que, já alfabetizadas, estão com seu letramento em processo, ou seja, estão ampliando seus vocabulários com palavras mais complexas. Além disso, já realizam leitura e produção de textos um pouco maiores e caminham de forma mais intensiva na interpretação textual. Em geral, temos crianças do terceiro e quarto anos nesse grupo. Mas há algumas poucas crianças do segundo e do quinto também no grupo do desenvolvimento.
Já no aprofundamento, temos mais educandos do quinto ano, em um agrupamento em que o processo de letramento se encontra mais aprofundado. Temos, no entanto, nesse grupo também algumas crianças do terceiro e quarto anos, com, inclusive, algumas do segundo ano em um processo de letramento um pouco mais avançado, mas ainda com maturidade insuficiente para trabalharem sozinhas nesse sentido. Ou seja, para elas é como se fosse um início de aprofundamento.

As transições inter-agrupamentos

Não há períodos pré-estabelecidos para ocorrerem, para um determinado educando, transições entre os agrupamentos ao longo do ano. Em 2023, por exemplo, tivemos crianças que avançaram para outro agrupamento após as professoras perceberem essa possibilidade.
Outra possibilidade é o entendimento de que um educando precisa ficar mais tempo em um determinado agrupamento anterior enquanto outros colegas seus estão aptos a avançarem e permanecerem no grupo.
Quando uma criança nova entra no Ensino Fundamental I do EHC, ela vai para o agrupamento que, em tese, refletiria uma determinada seriação padrão (1º e 2º anos – Iniciação; 3º e 4º anos – Desenvolvimento; 5º ano – Aprofundamento). As professoras de cada agrupamento avaliam durante algum tempo breve e os estudantes que devem ir para um agrupamento anterior ou posterior são encaminhados nesse sentido, gerando uma alta flexibilidade no processo visando, sempre, o máximo desenvolvimento do educando.

O nível de autonomia (ou o fator comportamental e o exercício dos valores do EHC) no Ensino Fundamental I

Adicionalmente, dentro desse processo, há também a análise do fator comportamental de cada educando, ou seja, cada educadora do Ensino Fundamental I também trabalha com os três níveis de autonomia (iniciação, desenvolvimento e aprofundamento) no que concerne aos comportamentos acordados para aquele grupo. Assim, as crianças podem ir caminhando em seus níveis de autonomia dentro de um determinado agrupamento, na medida em que vão aprendendo a incorporar mais em seus comportamentos os valores da escola.
No Ensino Fundamental I do EHC, ainda que o educando esteja no aprofundamento no sentido comportamental, eles não estudam sozinhos em locais determinados ou escolhem determinados temas de estudo, sendo que há uma adaptação das atividades pensadas para ele dentro de cada agrupamento, diferentemente do que está sendo proposto no Ensino Fundamental II (link para a página do blog de Roteiros de Aprendizagem)
Em cada agrupamento, não há uma forma homogênea de atuação, que é construída com cada grupo de estudantes. Por exemplo, por vezes na turma do Aprofundamento, quando um educando faz rapidamente suas atividades programadas, ele pode ter a oportunidade de fazer outra atividade dentro do próprio agrupamento, acordada com a educadora.

O diálogo entre o entendimento dessa forma de trabalho e a convencional serial

As reclassificações de educandos só podem ocorrer dentro de cada fase, no caso apenas dentro do Ensino Fundamental I. Ou seja, um educando pode ser reclassificado até o quinto ano no máximo. Quando o mesmo terminar o quinto ano (no agrupamento do Aprofundamento) ele ingressará no Ensino Fundamental II, no sexto ano.
No caso de estudantes que ainda deveriam permanecer no Ensino Fundamental I, porque seus processos de alfabetização e letramento estão muito aquém, e que são encaminhados ao Ensino Fundamental II pela obrigatoriedade do sistema de ensino vigente, são utilizadas as seguintes estratégias: a oferta, no horário de aula, de atividades de reforço em alguns momentos da semana, de acordo com o número de parceiros que têm o EHC disponíveis para tanto, que tem potencializado o desenvolvimento desses educandos, com bons resultados nesse sentido. Ademais, em suas próprias turmas, é ofertado um trabalho diferenciado com esses educandos por sua professora tutora.

Contextualizando essa forma de trabalho historicamente

Em nosso próximo post do blog, descreveremos como foi o processo histórico de constituição dessa forma de trabalho no EHC. Não perca!

Esportes no EHC e o Princípio da Educação Integral

Alicerçados em um antigo trabalho do professor Alex, de Educação Física, os esportes no EHC têm tomado, lenta e consistentemente, um caráter de um potente auxílio na regulação das emoções e de outros saberes de nossos educandos.

Dedicamos essa newsletter para destrinchar e partilhar um pouco desse trabalho, baseado em reflexões de Alex que foram partilhadas com a equipe de comunicação, via aplicativo de mensagens.

Para isso, vamos iniciar essa partilha contando um pouco de como essa atividade permite desvelar um processo de análise do comportamento dos educandos nos Jogos Interclasses, a fim de que se possa intervir positivamente em sua regulação.

Jogos Interclasses

Assim, Alex entende que, para os educandos, os Jogos Interclasses se configuram automaticamente como um lazer e que é importante clarificar qual é o papel pedagógico dessa atividade no âmbito escolar, o que está em curso no EHC. Assim, sua proposta é que os Jogos sejam incorporados, de maneira equiparada a qualquer outro momento na escola, ao processo pedagógico.

Com isso, se pretende evitar que os Jogos Interclasses sejam uma atividade de final de ciclo pedagógico – quando todas as outras atividades já terminaram – como se fossem apenas momentos de lazer, após o esforço anterior do estudo. Ou como uma moeda de troca no sentido de, se os educandos forem bem ao longo do semestre, receberem os Jogos como uma espécie de prêmio.

O caráter pedagógico do esporte

Nesse sentido, na semana dos Jogos Interclasses do EHC, Alex entende que é preciso sempre termos um tema principal (nesse semestre o tema foi o ‘Fair Play’ – ou seja, o fomento de um espírito leal e colaborativo no exercício esportivo) e clarificar qual é o objetivo do evento, primeiramente junto a toda equipe de professores, e, em um segundo momento, aos educandos, fornecendo a eles o máximo de informações.

É importante se ter claro nesse processo o trabalho com os valores do Educandário, pois Alex sublinha que, no exercício do esporte, se revela o caráter do educando do EHC, em meio a determinada cultura do esporte que está sendo executado.

A partir disso, o professor Alex se propõe a perceber o que os educandos extraem dessa vivência e isso se torna objeto de reflexões e intervenções pedagógicas posteriores.

Então, os Jogos Interclasses, com esse caráter aqui apresentado, entra no fluxo pedagógico do EHC, assim como já ocorre com os Jogos Estudantis.

Práticas Corporais dentro do Princípio de Educação Integral no PPP do EHC

“A Educação Integral compreende o desenvolvimento dos educandos em todas as suas dimensões – intelectual, física, emocional, espiritual, social e cultural, de forma compatível com os princípios filosóficos esposados neste documento. Constitui-se como projeto coletivo, compartilhado por crianças, adolescentes, jovens, famílias, educadores, gestores e comunidades que compõem o território abrangido pela Escola (…)
A educação ética é um dos aspectos essenciais; a busca permanente pelo desenvolvimento de relações solidárias e afetivas entre os seres, torna o Educandário Humberto de Campos um espaço de convivência, diálogos e co-construções e oportuniza um balanceamento útil entre as diferentes potencialidades individuais. Na prática da educação integral trabalha-se pelo aprimoramento das faculdades diversas para que uma ampare a outra, formando indivíduos sadios e bem integrados, capazes de moverem-se na existência com lucidez, produtividade e reflexão crítica, contribuindo para a transformação social. Associadas à ética estão: a educação cognitiva nas áreas da ciência, da filosofia, da lógica e da variedade de conhecimentos possíveis de serem aplicados nas situações concretas de suas realidades; a educação estética, que remete à descoberta da beleza nas manifestações da natureza e do ser; os cuidados do corpo físico, um templo sagrado; a educação espiritual, pelo cultivo dos sentimentos de conexão com o sagrado e pelo respeito à diversidade das manifestações humanas e as práticas corporais.”

Conclusão

O exercício das práticas corporais no EHC, no âmbito esportivo trabalhado pelo professor Alex, tem alçado uma perspectiva que dialoga com o princípio da Educação Integral porque busca ter um olhar profundo e amplo para os educandos em meios às atividades esportivas propostas, encarnando o PPP do EHC dentro desse contexto.

Casa da Criança e Ensino Fundamental I

Nesse Post, elencamos a seguir alguns trechos de nosso PPP em que se desenvolvem as bases conceituais e os dispositivos pedagógicos da Casa da Criança e do Ensino Fundamental I:

1 – Educação Infantil – Casa da Criança.

Alinhada à concepção que vincula educar e cuidar, o EHC acolhe as vivências e os conhecimentos construídos pelas crianças no ambiente familiar e comunitário, articulando-os em suas propostas pedagógicas. Objetivamos a ampliação do universo de experiências, conhecimentos e aprendizagens das crianças, diversificando e consolidando novas leituras de mundo, socialização, autonomia e comunicação, atuando de maneira complementar à educação familiar.

O espaço da Casa da Criança, centrado na proposta do acolhimento amoroso e do cuidado, oportunizará tais aprendizagens de forma espontânea e lúdica; a experimentação e a exploração naturais, próprias à fase infantil, de forma segura, alegre e prazerosa, em um ambiente mais próximo de um lar do que de uma escola. Nesse contexto, o diálogo, o compartilhamento de responsabilidades entre a Casa da Criança e as famílias são essenciais. O conhecer a si, ao outro, à natureza de forma geral e à cultura são elementos indissociáveis na nossa prática. A fim de reunir elementos para reorganizar tempos, espaços e situações que garantam o direito de aprendizagem de todas as crianças, os diversos registros feitos em diferentes momentos, tanto pelos professores quanto pelas crianças (como relatórios, portfólios, fotografias, desenhos e textos), poderão evidenciar a progressão ocorrida durante o período observado, sem intenção de seleção, promoção ou classificação de crianças em “aptas” e “não aptas”, “prontas” ou “não prontas”, “maduras” ou “imaturas”.
Na primeira etapa da Educação Básica e de acordo com os eixos estruturantes da Educação Infantil (interações e brincadeiras), a BNCC estabelece cinco campos de experiências, nos quais as crianças podem aprender e se desenvolver: a) O eu, o outro e o nós; b) Corpo, gestos e movimentos; c) Traços, sons, cores e formas; d) Escuta, fala, pensamento e imaginação; e) Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações. Em cada campo de experiências, são definidos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento organizados em grupos por faixa etária.

1.1 – A Transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental.

A transição entre essas duas etapas da Educação Básica requer muita atenção, para que haja equilíbrio entre as mudanças introduzidas. Será garantida a integração e continuidade dos processos de aprendizagem das crianças, respeitando suas singularidades e as diferentes relações que elas estabelecem com os conhecimentos, assim como a natureza das mediações de cada etapa. Serão estabelecidas estratégias de acolhimento e adaptação tanto para as crianças quanto para os docentes, de modo que a nova etapa se construa com base no que a criança sabe e é capaz de fazer, em uma perspectiva de continuidade de seu percurso educativo. Conversas, visitas e troca de materiais entre os professores das etapas de Educação Infantil e Ensino Fundamental (anos Iniciais) também serão importantes para facilitar a inserção das crianças nessa nova fase da vida escolar. A fim de auxiliá-las a superar com sucesso os desafios da transição, é indispensável um equilíbrio entre as mudanças introduzidas, a continuidade das aprendizagens e o acolhimento afetivo, de modo que a nova etapa se construa com base no que os educandos sabem e são capazes de fazer, evitando a fragmentação e a descontinuidade do trabalho pedagógico.

  1. Ensino Fundamental I: Anos Iniciais.

Nesse período da vida, as crianças estão vivendo mudanças importantes em seu processo de desenvolvimento integral que repercutem nas relações consigo mesmas, com os outros e com o mundo. A proposta pedagógica, ao valorizar situações lúdicas de aprendizagem, intenciona uma articulação com as vivências na Educação Infantil a novas possibilidades de ler o mundo e formular hipóteses sobre os fenômenos, de testá-las, de refutá-las, de elaborar conclusões, em uma atitude ativa na construção de conhecimentos nas séries iniciais do ensino Fundamental. Introduzidos, agora, num universo de múltiplas linguagens, incluindo os usos sociais da escrita e da matemática, iniciam a participação no universo do letramento e da construção de novas aprendizagens na escola e para além dela. A afirmação de sua identidade em relação ao coletivo no qual se inserem resulta em formas mais ativas de se relacionarem com este meio social e com as normas que regem as relações entre as pessoas dentro e fora da escola, pelo reconhecimento de suas potencialidades, pelo acolhimento e pela valorização das diferenças. Amplia-se o desenvolvimento da oralidade e processos de percepção, compreensão e representação. Os educandos se deparam com uma variedade de situações que envolvem conceitos e fazeres científicos, tornando-se capazes de realizar observações, análises, argumentações, potencializando descobertas. As vivências do contexto sociofamiliar e cultural do educando, suas memórias e seu pertencimento a um grupo, estimulam a curiosidade e a formulação de perguntas, resultando em melhor compreensão de si mesmos, do mundo natural e social, das relações dos seres humanos entre si e com a natureza. As características dessa faixa etária demandam um trabalho no ambiente escolar que se organize em torno dos interesses manifestos pelas crianças, de suas vivências mais imediatas para que, a partir delas possam progressivamente ampliar a capacidade de compreensão, o que se dá pela mobilização de operações cognitivas cada vez mais complexas e pela sensibilidade para apreender o mundo, expressar-se sobre ele e nele atuar. Nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental, a ação pedagógica terá como foco a alfabetização, a fim de garantir amplas oportunidades para que os alunos se apropriem do sistema de escrita alfabética de modo articulado ao desenvolvimento de outras habilidades de leitura, escrita e ao seu envolvimento em práticas diversificadas de letramentos.

No Ensino Fundamental I o trabalho será desenvolvido através de pesquisas e projetos, em que os educandos aprendem pouco a pouco a traçar seu próprio caminho no conhecimento. Parte-se da curiosidade das crianças. Ao aprenderem a fazer seu roteiro de perguntas sobre o que desejam saber, seja um roteiro falado, escrito ou desenhado e nos momentos em que há outras crianças interessadas pelo mesmo tema, ela poderão pesquisar juntas, sempre orientadas e acompanhadas pelo educador. As crianças terão oportunidade de realizar atividades externas e aulas-passeio, buscando incentivar a apropriação do conhecimento de maneira contextualizada. Os conteúdos curriculares serão organizados de acordo com a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), entrelaçando-os com os princípios da Arte Educação, o Currículo de Referência do Estado de Goiás, as Diretrizes de Educação para o Campo e, por fim, os parâmetros de implementação de uma comunidade educadora. Além disso, e tendo por base o compromisso da escola de propiciar uma formação integral balizada pelos direitos humanos e princípios democráticos, é preciso considerar a necessidade de desnaturalizar qualquer forma de violência nas sociedades contemporâneas, inclusive a violência simbólica de grupos sociais que impõem normas, valores e conhecimentos tidos como universais e que não estabelecem diálogo entre as diferentes culturas presentes na comunidade e na escola.

10 – Dispositivos Pedagógicos Aplicados a Cada Etapa (da Educação Infantil ao 5º Ano) :

10.1 – Casa da Criança (Educação Infantil)

a) Aconchego:

A cada dia as crianças são recebidas com danças e músicas. Logo após o movimento, as crianças sentam em roda para conversarem sobre fatos ou acontecimentos que queiram compartilhar com o grupo. A espiritualidade é vivenciada todas as manhãs por meio de meditação, escuta ativa da natureza e preces conduzidas tanto pelas crianças quanto pelas educadoras.

b) Rotina e revisão da rotina:

As rotinas são organizadas em atividades de grande grupo/pequeno grupos interativos, de adulto/criança, de criança/criança e de adultos em equipe. O ambiente é organizado a partir dos ambientes temáticos onde a criança poderá se inscrever na atividade que aquele ambiente proporciona.
Durante a semana as crianças têm uma rotina fixa, que é revisada a cada semestre.

c) Reconhecimento de território:

As crianças participarão de atividades de reconhecimento do espaço comunitário e passeios; atividades formativas tanto em oficinas quanto em rodas de conversa; e apresentações culturais, sempre com a anuência formal dos pais ou responsáveis. Nessas múltiplas oportunidades educativas, agentes do território poderão compartilhar seus saberes de forma lúdica e integrativa.

d) Projeto ou plano do dia:

Este é um momento de construção, com a participação das crianças, da programação das atividades do dia. Ocorre durante as boas vindas e aconchego. O plano do dia será documentado pelos educandos (em suas múltiplas expressões de linguagem) e pela educadora (por meio de portfólio pessoal, fotografia, vídeo, etc.). Tais registros possibilitarão às educadoras perceber as necessidades de aprendizagem de cada criança, os focos de interesse e a partir daí formular novas estratégias e concepções para uma aprendizagem realmente significativa.

e) Cuidados com a Natureza
Valorizar relações harmônicas com a natureza desde a pequena infância é uma prioridade. Diariamente são realizadas práticas que incentivam o cuidado como coletas de sementes, visitas e cuidados de árvores nativas, cuidado de canteiros e jardins, além de colheita e degustação de frutas de cada época.

10.2 – Ensino Fundamental ( 1º ano ao 5º ano):

a) Aconchego:

Durante os primeiros 30 minutos da manhã as crianças se reúnem em círculo com suas próprias turmas ou com os colegas de todo o ensino fundamental. A cada dia são vivenciados um gênero literário, musical, danças, movimentos tradicionais da região e semanalmente é realizado o momento cívico.

b) Rotina diária:

A rotina diária é uma organização do trabalho pedagógico que acolhe os acontecimentos do cotidiano e as especificidades culturais e sociais das crianças e define a maneira como as crianças constroem experiências de aprendizagem significativas tendo como base os componentes curriculares do Currículo Referência do Estado de Goiás e a Base Nacional Curricular Comum.
A rotina ressalta a participação ativa dos/as educandos/as em uma diversidade de situações: eles/as passam um tempo estudando individualmente, com o/a educador/a, em pequenos e grandes grupos, em ambientes diferenciados, com educadores comunitários e elaborando seus projetos.

Aprendizagem a partir de jogos e materiais concretos (ludomatemática)

Para a representação de ideias e conceitos em matemática são utilizados materiais concretos ou manipulativos. Eles garantem os pressupostos da aprendizagem significativa considerando que a criança é a verdadeira agente do seu processo de aprendizagem, aprendizagem se dá por descobrimento e criação, atividade exploratória é um instrumento potente para a aquisição de novos conhecimentos.

Os jogos em pequenos grupos com os materiais concretos permitem o desenvolvimento cognitivo, emocional e social da criança. Nos momentos dos jogos e manipulação de materiais concretos na aprendizagem matemática as crianças escolhem qual área querem estudar e se dividem em pequenos grupos.

Letramento crítico a partir dos gêneros textuais orais e escritos (interdisciplinar)

A literatura, nos anos iniciais, será trabalhada com o objetivo estético pleno, capaz de imprimir marcas significativas nas crianças enquanto leitoras críticas. Para encantar as crianças com a literatura, estamos construindo instalações em lugares confortáveis para ler o livro em voz alta, fazer contação de história, teatro com bonecos, teatro com fantoches, teatro de sombras entre outras estratégias de encantar/encantar-se na/pela literatura.

Dessa forma, partimos da hipótese, ancorada na perspectiva histórico-cultural, de que ocorrem mudanças qualitativas nos processos de desenvolvimento cultural vivido por adultos e crianças em suas vivências com a literatura como potência de arte.
Semanalmente as crianças escrevem cartas para trocarem entre si, as crianças tem um livro da vida onde usam a escrita para reelaborarem as experiências vividas e como forma de autoconhecimento. Os projetos que as crianças escrevem são reescritos a cada fase de planejamento, refletindo sobre as formas convencionais de escrita e os regionalismos da fala que também estão são analisados. Discutir sobre os contextos de produção da linguagem e suas variantes é realizado no processo de reescrita. Os projetos de cada mês são registrados tanto online quanto nos fichários de acompanhamento de aprendizagem por projetos.